quinta-feira, 16 de julho de 2009

Escolas não estão preparadas para alargamento da escolaridade obrigatória

À margem do «Fórum Educação - educação, que futuro?», que decorreu hoje [09.07.2009] em Lisboa por iniciativa do Diário Económico, a presidente do CNE [Conselho Nacional de Educação] considerou que existe um problema de gestão nas escolas: «É preciso mudar o modo de gerir a escola. Os professores não podem estar muito ocupados com tarefas burocráticas, têm de estar ocupados em trabalhar os alunos».

Questionada sobre se as escolas estão neste momento preparadas para o alargamento da escolaridade obrigatória, Ana Maria Bettencourt respondeu: «Não estão completamente preparadas, mas [o alargamento] vai abrir outras necessidades e outras exigências».

O Governo pretende alargar para 12 anos a escolaridade obrigatória, o que será aplicado aos alunos que no próximo ano lectivo frequentarem o 7.º ano, alcançando o 10.º ano em 2012. O diploma já foi aprovado na especialidade e a votação final global está marcada para sexta-feira no Parlamento.

Também presente no encontro, o professor catedrárico do Instituto de Educação e Psicologia da Universidade do Minho Licínio Lima acusou o Governo de ter cometido um erro ao avançar com a divisão de carreiras entre professor e professor titular e de «envenenar» a situação actual na Educação.

«O processo de divisão de carreiras entre professor titular e professor foi muito mal conduzido e envenenou toda a discussão e a situação actual em que estamos», disse.

De acordo com Licínio Lima, «o que os professores generalizadamente não admitem é que os novos professores titulares venham a avaliá-los quando, na sua maioria, os professores não reconhecem a legitimidade reforçada do professor titular».

Licínio Lima afirmou ainda que «os professores titulares não foram avaliados, mas promovidos através de um concurso informatizado e electrónico que não avalia coisa nenhuma».

«Creio que, qualquer que seja o Governo que venha a enfrentar este problema, vai ter de recuar. Não digo recuar politicamente, mas vai ter de recuar no processo para vir a discutir a própria estruturação da carreira docente e o próprio procedimento da avaliação», considerou o professor catedrático.

O Fórum contou ainda com a presença da Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que recusou falar aos jornalistas e comentar as críticas que lhe foram dirigidas.

Lusa/SOL

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