Há dez anos que tentamos colocar ordem na desordem que anos de prosperidade fácil e ilusória criaram nas contas do Estado. E sempre que nos parece estar quase lá, a atingir o desejado fruto da ordem financeira, a desordem reaparece.
As despesas e receitas do Estado destes primeiros seis meses avisam-nos de que vamos reviver o passado, numa versão ainda mais trágica, durante os próximos anos. Apenas nos resta a fé de que não será mais uma década.
O problema que se perspectiva nas contas públicas ameaça ser o mais grave da democracia, transformando as crises dos primeiros anos da democracia em pequenos sobressaltos.
Para cada lado que se olhe em busca de uma saída, há uma porta fechada, como no Tártaro, a terra mais funda do inferno da mitologia grega. Elevadas dívidas das famílias e das empresas inviabilizam novos aumentos de impostos. Cortes nas despesas públicas estão condicionados pela força dos grupos de pressão que mais comem à mesa do orçamento. E que, contrariamente ao que parecia, os mais perniciosos lobbies não são os professores, os juízes, os médicos e os funcionários públicos em geral. Os grupos de pressão que nos mantêm neste suplício de Tântalo são todos aqueles que hoje nos estão a levar para despesas - sim, despesas e não investimento - em infra-estruturas de betão manifestamente desnecessárias.
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