segunda-feira, 31 de maio de 2010

Comediante ganha eleições na Islândia

Islândia

Partido humorístico ganha eleições a prometer «toalhas grátis»

Um partido que promete «toalhas grátis» para os islandeses venceu as eleições autárquicas deste domingo em Reykjavik. Os analistas interpretam o resultado insólito como mais um protesto do eleitorado contra a liderança da ilha virtualmente falida

O auto-proclamado «O Melhor Partido», fundado pelo comediante islandês Jon Gnarr, venceu com 34,7% dos votos as eleições autárquicas de Reykjavik, capital da ilha, ficando à frente do institucional Partido da Independência.

A primeira-ministra Jóhanna Sigurðardóttir declarou-se «chocada» com a vitória dos humoristas.

«O Melhor Partido» conquistou o eleitorado com propostas como a construção de uma Disneylândia na ilha, a compra de um urso polar para o zoo de Reykjavik e a distribuição gratuita de toalhas.

«Vamos prometer o dobro dos outros partidos e cumprir o mesmo: nada!», declarou Gnarr durante a campanha.

Não é claro se o partido humorístico vai assumir o mandato, sendo a vitória considerada pelos analistas como um voto de protesto dos islandeses contra a liderança política do país.

A ilha nórdica encontra-se virtualmente falida depois do colapso do seu sistema bancário, assente na especulação financeira. O governo islandês encontra-se sob pressão internacional para pagar dívidas de instituições nacionais falidas junto de investidores e depositantes estrangeiros. O desemprego disparou e há agora uma inédita corrente de emigração naquele que era um dos países mais avançados do mundo.

SOL com agências

Mais um professor agredido pelo pai de um aluno

Infelizmente, estão a tornar-se cada vez mais vulgares as agressões aos professores. Até apetece cantar aquela canção: “Ó tempo, volta para trás, traz-me tudo o que eu perdi…

É um pobre país aquele que não respeita os seus professores!... Quem não respeita os professores, também não saberá respeitar as outras pessoas. Se é isto que o Governo quer, deixe acumular estas situações sem mover uma palha…


Ex-ministra da Educação: «Sinto-me muito realizada»

O jornal i publicou, no passado dia 29 de Maio, um dossiê, assinado por Maria João Avillez, sobre antigos governantes, explicando que «um conjunto de notáveis votou nos melhores ministros da democracia». Os vencedores comentaram os seus mandatos. Aqui fica o que se refere a Maria de Lurdes Rodrigues, ex-ministra da Educação:

«Encontrei Maria de Lurdes Rodrigues ao leme da Fundação Luso-Americana. Feliz com o novo ofício, foi direita ao assunto. Sem sombra de ressentimento, antes com a consciência e o empenho ainda vivo de quem “serviu”: “Sinto-me muito realizada porque tive uma oportunidade única para, através de algumas acções concretas, ter melhorado a escola pública.

Eis, dados por ela, os melhores exemplos:

a) O conjunto de medidas para melhorar a qualidade do 1.º ciclo do ensino básico, que generalizou a escola a tempo inteiro com funcionamento até as 17h30, ensino de Inglês, actividade física e desportiva e estudo acompanhado para todas as mais de 400 mil crianças. b) Os cursos profissionais criados em todas as escolas secundárias públicas, que permitiram que muitos mais alunos frequentassem o ensino secundário. Aliás o número de alunos passou de 28 mil, em 2005, para 125 mil, em 2009. Foi uma medida importante porque fez baixar drasticamente o abandono escolar precoce. c) Recordo também as Novas Oportunidades que atraíram para a escola e para os programas de formação profissional mais de um milhão de adultos, dos quais mais de 350 mil viram já reconhecido o seu esforço e o seu mérito...”»

Comentário:

A antiga governante continua sem perceber que fez mais mal do que bem à Educação deste País. Além de ter semeado nas Escolas um clima de desconfiança entre colegas e de os ter levado quase à exaustão, não conseguiu pôr em prática o seu sistema de avaliação chileno.

Houve durante o seu mandato uma “diarreia legislativa” que nada mudou daquilo que efectivamente deveria mudar. Os resultados da sua política autoritária e cega aparecerão, quando for feito um balanço desapaixonado da sua acção, mas por pessoas que não sejam juízes em causa própria.

Pela minha parte, nunca gostei da postura daquela ministra, nem daquilo que afirmava, nem daquilo que decidia através de legislação, sem consultar os representantes dos docentes. Contribuiu, em larga medida, para lançar um anátema sobre os Professores deste País. Continua com a certeza da bondade das suas medidas. Não aprendeu nada!...

OPINIÃO > Alberto Gonçalves: «Uma aventura em Portugal»

domingo, 30 de maio de 2010

OPINIÃO > José Leite Pereira: «A festa acabou»

Celorico edita história do concelho em livros para crianças e jovens

OPINIÃO > Carlos Abreu Amorim: «Agora é o Mundial»

BE propõe plano para as escolas

Um novo mercado floresce em França

Mettre sa vie en film pour laisser un témoignage à ses proches

Au soir de leur vie, de plus en plus de seniors font appel à des "vidéobiographes", afin qu'ils réalisent un petit film sur eux pour leurs héritiers. "Certains souhaitent leur prodiguer des conseils, comme ne jamais renoncer à ses idées, ne pas se laisser aller face à l'adversité", témoigne Nelly Dussausse, "l'une des premières" à investir le marché de la vidéobiographie.

Elle a fondé la société Famille identité lien, en 2006, parce qu'elle voulait faire des films "qui donnent du sens à une vie". "Telle personne qui a sacrifié sa famille à sa carrière professionnelle souhaite s'en expliquer auprès de ses enfants, mais aussi leur donner la parole", raconte cette jeune femme. Titulaire d'un doctorat ès lettres, autrefois chercheuse spécialisée sur les souvenirs d'enfance, elle est formée par ailleurs à la "thérapie familiale systémique", dont les interventions permettent de "recréer du lien au sein de la famille". "Le tournage prend au minimum trois jours, et je filme tous les membres de la famille, afin qu'il y ait des regards croisés", explique-t-elle. Il faut donc compter au minimum 3 500 euros, bien qu'elle soit "bon marché". A ce tarif, il y a peu de clients.

Mme Dussausse s'est donc à nouveau reconvertie comme directrice d'une école pour enfants précoces, et n'intervient plus qu'à la demande, car elle ne souhaite pas "faire des diaporamas améliorés, comme le proposent désormais la plupart des sociétés sur le marché".

"LEUR VIE MÉRITE UN FILM"

La plupart des offres sont plus modestes : pour autour de 1 000 euros, on peut avoir un film d'une cinquantaine de minutes, centré sur le récit d'un seul personnage - interviewé en une demi-journée -, entrecoupé de plans sur divers documents (actes de mariage, de naissance, diplômes, photos...). "Plus le film est documenté, plus il coûte cher, car il faut numériser tous ces documents", explique Yann Colin, directeur d'Intervie.

Le réalisateur n'intervient guère sur le contenu. "Il se charge seulement de lui donner une construction narrative, avec, en général, un commentaire en voix off, précise M. Colin. On se met d'accord sur la tonalité souhaitée. Mais cela peut être délicat lorsqu'il y a plusieurs commanditaires, les enfants, par exemple, qui ne sont pas d'accord entre eux."

"Je dis à tous mes clients que leur vie mérite un film, qu'ils aient bourlingué aux quatre coins du monde ou travaillé à la Sécu", assure Pascal Galopin, ancien journaliste qui a fondé la société Letempsdunfilm.com. Certains films évoquent seulement une histoire personnelle : c'est le cas de ces triplées, nées en 1936, et dont "personne ne pensait qu'elles survivraient, car elles pesaient moins de 1 kilo", se souvient Barbara Toutain, la fille de l'une d'elles. Elle a fait faire ce film, car elle voulait qu' "il reste quelque chose d'elles" lorsqu'elles auront disparu.

D'autres films ont un lien avec la grande Histoire. "L'un de mes clients m'a commandé un film parce qu'il souhaitait, avant de mourir, transmettre à son frère un message qu'il n'avait jamais osé lui communiquer de vive voix", raconte Jean-Pascal Gauthier, fondateur de JPG-video.com. "Il s'agissait de lui dire qu'il ne lui en voulait pas d'avoir mis, involontairement, sa famille en danger pendant la deuxième guerre mondiale, en s'étant enfui du service du travail obligatoire et en étant rentré chez ses parents où les Allemands étaient venus le chercher."

Rafaële Rivais

Article paru dans l'édition du 25.05.10

LE MONDE

É preciso ser Sócrates!...

Afinal a história está mal contada. Não foi Chico Buarque que quis conhecer o primeiro-ministro durante a sua viagem ao Brasil, como foi divulgado pela imprensa portuguesa. Foi José Sócrates que pediu esse encontro.

Ler aqui

Quem é que ainda escreve cartas à moda antiga?

«O que mostra o descontentamento da rua»

sábado, 29 de maio de 2010

Tribunais com interpretações diferentes

Avaliação de professores

Ministério da Educação diz que decisão do Tribunal de Beja é “ilegal”

29.05.2010 - 09:34 Por Clara Viana

O ministério de Isabel Alçada anunciou que foi notificado de uma sentença de outro tribunal que lhe dá “inteira razão”, considerando que a suspensão da avaliação “penaliza” os docentes.

“Ilegal e atentatória dos interesses dos professores”. Foi assim que o Ministério da Educação classificou, ontem à noite, a confirmação pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Beja da decisão de suspensão dos efeitos da avaliação na ordenação dos candidatos ao concurso para professores contratados, que decorreu entre Abril e o princípio deste mês.

Num comunicado lido ao PÚBLICO pela sua assessora de imprensa, o Ministério da Educação anunciou que “vai recorrer da decisão” do Tribunal de Beja, frisando que esta penaliza os docentes que foram avaliados. Segundo o ME, “este entendimento” foi também partilhado pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra, numa sentença de cujo teor foi ontem notificado.

Para além das providências cautelares com vista à suspensão provisória da avaliação entregues nos tribunais de Beja e Lisboa, a Federação Nacional de Professores entregou, em Abril, um pedido ao TAF de Coimbra para que a tutela fosse intimada a eliminar do aviso de abertura do concurso as normas relativas à avaliação. A decisão chegou ontem e, segundo o comunicado da 5 de Outubro, “dá inteira razão ao Ministério da Educação”, contrariando o que a este respeito fora decidido pelo Tribunal de Beja.

Conhecida no mesmo dia em que este tribunal confirmou a suspensão da avaliação, a sentença de Coimbra terá sido determinante para a decisão do Ministério de persistir na via judicial, o que fará através da apresentação de um recurso junto do TAF de Beja. Sem prejuízo deste procedimento, “o Ministério da Educação garante que o próximo ano lectivo começará em condições de estabilidade e com todos os professores colocados atempadamente”, acrescenta-se no comunicado da tutela.

A Fenprof considera que tal não é possível, tendo ontem reiterado que, se o ME insistir nesta via, “ficará em causa a colocação de professores contratados” a tempo de se encontrarem nas escolas em Setembro, no princípio do próximo ano lectivo. Para a Fenprof “só existe um caminho” para evitar que tal aconteça: “Publicar as listas de ordenação provisória dos candidatos sem que a avaliação seja tida em conta”.

A organização lembra, a propósito, que tal “não é difícil”, uma vez que, segundo informação da Direcção-Geral de Recursos Humanos do ME, está já preparada “uma plataforma informática que exclui a avaliação do concurso”. “Se não for essa a opção, então o ME, por mera teimosia e birra, entrará, definitivamente, pelos caminhos da irresponsabilidade”, acrescentou.

No dia 7 de Maio, dando seguimento à suspensão decretada por Beja, o ministério “ocultou” os itens respeitantes à avaliação que constavam da aplicação informática utilizada no concurso. Segundo o Tribunal de Beja, a ponderação da avaliação na ordenação dos candidatos poderá pôr em causa os princípios constitucionais da igualdade e da “liberdade de escolha de profissão e acesso à função pública”. Na sentença acrescenta-se que estes princípios poderão ter sido postos em causa, nomeadamente pelo facto de muitas escolas terem recorrido, para a avaliação, a uma aplicação informática que procedeu a arredondamentos e transformou, assim, Bons em Muito Bons e Muito Bons ou Excelentes. O Muito Bom garante uma majoração de um ponto e o Excelente de dois pontos. Na prática, um docente com este benefício pode ultrapassar 500 candidatos na lista de ordenação.

Não foram ainda tornados públicos quais os argumentos utilizados pelo Tribunal de Coimbra para considerar que, pelo contrário, a retirada destes itens irá penalizar os professores.

Fonte: PÚBLICO

«Novas Oportunidades» ‘queimam’ quatro milhões

A iniciativa «Novas Oportunidades» oferece um novo modo de vida com pouco investimento… Mas a realidade é muito diferente. A publicidade leva a parte de leão! Alguém anda a ganhar muito dinheiro com isto… Ora dê aqui uma espreitadela!

Leitura para pais permissivos ou indecisos…

O regresso dos pais autoritários

Os pais têm de recuperar a autoridade perdida e deixarem de de querer agradar aos filhos, ou o mundo estará perdido, afirma um dos mais famosos pediatras do mundo. Fomos saber porquê.

Catarina Fonseca/ACTIVA | 10 Fev. 2010

Confesso que ia um bocado amedrontada. Afinal, ia entrevistar um dos homens responsáveis por um dos maiores escândalos educativos das últimas décadas, o homem que defendera a urgência do regresso ao poder dos pais contra os todo-poderosos filhos.

Acusado de tudo, de fascista para baixo, o pediatra líbio-francês Aldo Naouri diz que os pais se demitiram do seu papel de educadores e em vez disso se dedicam a satisfazer a criança, com o único desejo de se fazerem amar. Diz que confundimos frustração com privação. Diz que transmitimos à criança que não só pode ter tudo como tem direito a tudo, içando-a ao topo do edifício familiar, onde ela nunca esteve e onde nunca deveria estar. Diz que um filho hoje não é criado para se tornar ele próprio, mas para gratificar e servir o narcisismo dos pais. Diz que estamos perante uma epidemia que encoraja os pais a seduzirem as crianças, tornando-as assim em seres obsessivos, inseguros, amorfos e emocionalmente ineptos, que não sabem gerir as suas pulsões e são incapazes de encontrar o seu lugar no mundo.

Em resumo, esperava alguém mais parecido com o Deus do Velho Testamento, que me recebesse com raios e coriscos, ou pelo menos uma praga de gafanhotos. Em vez disso, recebeu-me com um sorriso só equivalente ao sol de Lisboa, agarrou-me na mão, perguntou-me por que é que não tinha filhos e assegurou-me que os homens são todos uns egoístas. “Portanto, madame, é só escolher um! São todos iguais!”

Por entre gargalhadas, falou-se de coisas muito sérias, como aquilo que andamos a fazer às crianças. Ora leiam.

Então, nada de democracia para as crianças?

Não. É fundamental que estejam numa relação vertical: os pais em cima, as crianças em baixo. Porque há uma diferença entre educar e criar. Criar é dar-lhe os cuidados básicos, dar-lhe banho, alimentá-lo, etc. É como criar galinhas. Educar é haver qualquer coisa que não existe e que é preciso formar. Por isso a criança não está nunca ao mesmo nível dos pais, não pode haver uma relação horizontal. Se quiser compreender o que se passa na cabeça de uma criança numa relação horizontal, imagine o seguinte: você está num avião, e o comandante vem sentar-se ao seu lado. Você pergunta, Mas quem é que está a guiar o avião? E ele diz, ‘Ah, é um passageiro da primeira fila que eu pus no meu lugar.’ A criança tem necessidade de alguém acima dela.

As mães não se escandalizam com a mudança de hábitos que lhes aconselha?

Nada disso. As mães estão petrificadas na sua angústia e precisam de se libertar. Eu digo, ‘mas não vale a pena angustiarem-se dessa maneira, ser mãe é muito mais simples do que vocês pensam’. Digo-lhes que não vale a pena viverem preocupadas porque a criança não come, não dorme, ou vai ter ciúmes do irmão. Dou-lhes conselhos básicos e fáceis de seguir e tento fazer com que simplifiquem a máximo as suas vidas. O que eu quero é que a criança seja para os pais uma fonte de prazer e felicidade, e não um foco de sofrimento e angústia, e para que isso aconteça, os pais têm de estar descontraídos.

As nossas avós não viviam nessa angústia...

Pois não. Mas viviam num mundo em que havia três tipos de ordem: Deus, Rei e pai. Esse tipo de ordem fazia com que existisse qualquer coisa que as transcendia. Hoje todo o tipo de transcendência desapareceu, e quem ficou no lugar de Deus? A criança. Às mães que põem o filho nesse altar, eu simplifico a tarefa: digo Não se cansem dessa maneira. Não se preocupem assim. Ponham-se a vocês próprias em primeiro lugar. Claro que não é uma coisa que elas estejam habituadas a fazer, ou sequer a ouvir, mas não é por isso que não podemos dizer-lhes, e não é por isso que elas vão deixar de ser capazes de o fazer. Acredito que vão ser capazes, porque é urgente: a bem das crianças, e a bem delas próprias. É preciso fazer as coisas de maneira tranquila, porque a mãe perfeita não existe, o pai perfeito não existe, a criança perfeita não existe.

Mas as mães hoje têm uma vida tão difícil, é normal que se culpabilizem...

Não é por trabalharem fora de casa que têm de se sentir culpadas. Peço às mães: lembrem-se do vosso primeiro amor. Quando não o viam durante três dias, morriam de saudades. Mas quando o voltavam a ver, assim que batiam os olhos nele era como se nunca se tivessem separado. Com as crianças, é exactamente igual. Quando tornam a encontrar a mãe, é como se ela nunca tivesse partido.

Diz que os pais esqueceram o seu papel de educadores porque querem ser amados pelas crianças. Por que é que isto acontece?

Como todas as crianças, tiveram conflitos com os pais. E como todas as crianças, amam-nos mas guardaram muitos ressentimentos. E não querem que os seus filhos tenham esse tipo de ressentimento em relação a eles. E pensam que a melhor maneira de o fazer é seduzir a criança para que ela o ame. O que é um enorme erro. Porque nesse momento, a relação vertical inverte-se. A hierarquia fica de pernas para o ar, e quando isso acontece, destruímos a crianças.

O problema é que as pessoas confundem autoridade com violência. Autoridade é fazer-se obedecer, não é dar uma palmada, que o senhor aliás desaprova.

Completamente! Não aprovo palmadas de que género for, nem na mão nem no rabo. Ter autoridade não é agredir a criança. Ter autoridade é dizer: ‘Quero isto’, e esperar ser obedecido. Quero que faças isto porque eu disse, e pronto. Autoridade é só isto, é assumir o seu dever. Não vale a pena ser violento, aliás porque a criança sente a autoridade. É quando o pai ou a mãe não está seguro do seu poder que a criança tenta ir mais longe. Quando há uma decisão que é assumida pelos pais, ela cumpre-a.

Uma terapeuta de casal dizia que as pessoas hoje não têm falta de erotismo, dirigem-no é todo para as crianças...

Sem dúvida. E é isso que é urgente mudar. O slogan ‘a criança acima de tudo' deve ser substituído por ‘o casal acima de tudo'. A saúde física e psíquica das crianças fabrica-se na cama dos pais. Por que isso não acontece é que há tantos divórcios, e depois a vida torna-se muito mais complicada para a mãe, o pai e a criança. Se elas decidem privilegiar a relação de casal, estão a proteger a criança.

Educou os seus filhos da forma que defende?

Sim sim, eu eduquei os meus três filhos tranquilamente. A autoridade significa serenidade, não violência. Ainda hoje, que eles já são mais do que adultos, nos reunimos às vezes para jantar. E no outro dia, falámos sobre as viagens de carro que costumávamos fazer - sempre viajei muito com eles. Quando se portavam mal, eu virava-me para trás e dizia: - Olhem que eu páro o carro e deixo-vos a todos aqui na autoestrada! - Só há pouco tempo é que percebi que eles achavam que eu estava a falar a sério e que seria capaz de os abandonar na estrada! (ri). Tal é a força da autoridade. Mas isso não tem importância, o importante é que funcionava! (ri)

Diz que o pai tem de ser egoísta mas também diz que uma das tragédias do mundo moderno é a ausência do pai... Qual é então o papel do pai, para lá de ser egoísta?

Tem duas funções: a primeira é a de possibilitar à mãe o exercício da sua feminilidade. A segunda é a de se oferecer ao filho ou filha como um escudo contra a invasão da mãe. Porque de outra maneira, a mãe vai tecer à volta do seu filho um útero virtual, extensível até ao infinito. O pai não está presente como a mãe, mas é preciso que esteja presente.

Mas hoje exige-se aos pais que façam uma data de coisas, que mudem fraldas, que ponham a arrotar, que ensinem karaté...

Não é preciso. Porque na cabeça das crianças tudo está muito claro: aquela que o filho ama acima de tudo é a mãe, que sempre respondeu às suas necessidades desde que estava na sua barriga. Se alguém lhe diz ‘não’, mesmo que seja a mãe, para ele a culpa é do pai. Ou quando muito, da não-mãe. No inconsciente de uma criança, o pai não existe. Só há a mãe. O pai tem de se construir, a bem das crianças e a bem da mãe delas.

Antes de ler este livro não tinha consciência de que as crianças estavam tão perturbadas.

Li um artigo recentemente do director do centro médico-pedagógico de Paris, que afirmava que em 2008 tinha recebido 394 novas famílias, e que a maior parte tinham problemas psicológicos. No fim da primária, 40% dos alunos ainda não dominam a língua, e isto é grave. E não porque tenham problemas físicos ou sejam burros: é porque não os sabemos educar. Mas é uma tarefa difícil, porque mesmo as instâncias governativas vão no sentido de seduzir a criança. Porque as crianças vendem, são um produto que se compra e se compara. Todo o mundo vai no sentido de deixar a criança fazer o que quer, porque é mais fácil que ela não cresça. Mas o que vai acontecer é que essas crianças, se não travadas, vão crescer e fabricar sociedades absolutamente abomináveis, onde será cada um por si, onde não haverá solidariedade.

Nem cientistas... É o senhor quem o diz...

(ri). Apesar de tudo, estou optimista. As pessoas querem saber como podem mudar. Não sou o único a dizer estas coisas, mas digo-as de forma bruta. Tenho 40 anos de experiência com pais e crianças. E é muito fácil mudar, quando começamos a ver a lógica das coisas. Além disso, o que eu pretendo é simplificar a vida das pessoas. Não quero voltar àquilo que se fazia há um século. Não quero pais castradores.

O que é um pai castrador?

Não é um pai autoritário, é um pai fraco, intranquilo, desconfortável na sua pele e na sua posição. O que eu digo é, a sua posição como pai ou mãe está assegurada à partida. Só tem de exercê-la. Uma vez, apareceu-me uma mãe muito alarmada porque a filha não dormia. Aconselhei-a a dizer à criança, antes de dormir: ‘Podes dormir tranquila. Não preciso mais de ti hoje.’ E a criança dormiu a noite toda. Por isso eu digo no fim das consultas, a todas as crianças, tenham elas 1, 7 ou 14 anos, ‘Muito obrigado por me teres trazido os teus pais à consulta. Agora podes ficar descansado, eu ocupo-me deles.’

O QUE DEVEMOS FAZER...

Palavra de ordem: não compliquem.

Segundo Aldo Naouri, o esterilizador de biberões não faz sentido, nem desinfectar o mamilo.

Os biberões devem lavar-se com água quente da torneira.

As nádegas do bebé devem ser lavadas com água e sabão.

A roupa do bebé pode ser enfiada na máquina como o resto da roupa de casa.

Em todas as idades, devem tomar-se as refeições familiares em conjunto.

Um adolescente pode ir vestido da maneira que bem-entender.

Petiscar, no caso de um adolescente, não é de condenar, porque precisam de imensas calorias.

E O QUE NÃO DEVEMOS...

Rituais antes de dormir, como a história ou a cantiga, é para irem à vida. Só servem para ritualizar o medo da criança. Deve-se mandar a criança para o quarto, e aí ela fará o que quiser com o seu tempo.

Angustiar-nos com as horas de sono. É absolutamente necessário livrarmo-nos da obsessão do número de horas que eles dormem.

Nunca, em circunstância alguma, se deve obrigar uma criança a comer.

Biberão, chupeta e objectos de transição devem desaparecer antes do fim do segundo ano da criança.

Bater nunca: nem na mão nem no rabo.

Elogiar, só para coisas excepcionais.

A criança não deve escolher a sua roupa.

Uma ordem não tem de ser explicada, tem de ser executada. A explicação que é dada ao mesmo tempo que a ordem apaga a hierarquia. Se quiser explicar, só depois da ordem cumprida. A figura parental nunca, mas nunca, tem de se justificar perante o filho.

Para ler: ‘Educar os Filhos’, Aldo Naouri, Livros d’Hoje

Discoteca de Cabeceiras aproveita fama de Bruna Real

Foto: PLAYBOY PORTUGAL

Bruna Real, a professora de Mirandela que foi afastada de funções docentes, devido a ter posado nua para a revista PLAYBOY Portugal respeitante ao mês de Maio, está a aproveitar a fama que lhe adveio da polémica provocada com o seu afastamento para ganhar mais do que aconteceria com as funções docentes. As discotecas estão também a aproveitar a fama de Bruna Real, negociando a sua presença naqueles espaços. Cabeceiras de Basto vai hoje contar com a presença de Bruna Real, num evento organizado pela discoteca local.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Isto explicará a relativa base de apoio de Governo?...

Crise

Um terço dos alunos com apoio social escolar

por ANA BELA FERREIRA

Este ano lectivo, são já mais de meio milhão os estudantes que recebem ajuda do Estado para os livros, materiais ou refeições.

Um terço dos alunos do ensino básico e secundário recebe apoios da Acção Social Escolar (ASE). Ao todo, neste ano lectivo, são 503 214 os alunos subsidiados, dos quais 290 812 recebem o apoio máximo, ou seja, têm livros, material escolar e refeições pagas por inteiro. O número de estudantes abrangidos pela ASE cresceu 3% em relação ao ano lectivo 2008/09, de acordo com os dados do Ministério da Educação. No ano passado eram apoiados 488 411 estudantes. No ensino básico e secundário há cerca de 1,5 milhões de crianças.

Apesar de o número de alunos abrangidos pela ASE neste ano lectivo ser ainda provisório, o aumento é notado pelas escolas. E no próximo ano devem ser ainda mais os abrangidos pelo apoio social.

O aumento do desemprego e as maiores dificuldades das famílias levam as associações de pais a recear que algumas crianças não consigam continuar na escola no próximo ano. “Há famílias a temer que com a mudança dos filhos para o ensino secundário não consigam fazer face às despesas e não consigam manter os filhos na escola”, refere Albino Almeida, presidente da Confap (Confederação Nacional das Associações de Pais).

Já este ano, as escolas admitem que, se não fosse o apoio social, os pais não conseguiam manter as crianças a estudar. A Escola E. B. 2,3 do Parchal, no Algarve, é um dos estabelecimentos onde isso acontece.

Aqui houve muitos alunos que passaram a ter mais necessidades de um ano para o outro. “Tivemos mais alunos a passar do escalão mais baixo para mais elevado”, reconhece a directora da escola, Ana Martins, ao DN.

A responsável admite ainda que “uma fatia grande dos alunos não conseguiria estar na escola se não fosse a ASE”. Neste agrupamento andam 700 alunos, 25% dos quais beneficiam do apoio total e outros 25% de metade. Enquanto no Agrupamento de Escolas Viana do Alentejo cerca de 39% dos alunos são apoiados.

Também na Escola E. B. 2,3 de Cabreiros, em Braga, houve um aumento de quase 50% de estudantes abrangidos pela ASE. Dos 664 alunos da escola, 422 são subsidiados, explica Paulo Perames, do secretariado da instituição.

Os responsáveis lembram que a Acção Social Escolar permite não só ajudar as famílias a fazer face às despesas dos livros e material como muitas vezes proporciona às crianças a única refeição quente do dia, uma vez que estas são oferecidas ou custam muito pouco.

A acção social escolar pode ser requerida a qualquer altura do ano lectivo, daí que os números deste ano apresentados pelo ministério sejam provisórios. Apesar de não haver um limite definido, os alunos do 5.º ano recebem 110 euros para as despesas com os livros. Já os do 6.º ano têm cem euros para a compra dos manuais.

Valores que Albino Almeida considera que se “aproximam daquilo que é a cobertura das despesas com os manuais e o material escolar”. Ainda assim, alerta para a necessidade da ASE “acompanhar o aumento do custo de vida”.

Por seu lado, Joaquim Ribeiro, dirigente da CNIPE (Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação), defende que a ASE está “mal estruturada” e que é “insuficiente”. “A atribuição do subsídio devia ser feita através da análise de cada caso e o valor a atribuir devia ser proposto pela escola ou pela Segurança Social, que conhecem as famílias e as suas necessidades”, explica.

Joaquim Ribeiro alerta ainda que os subsídios insuficientes estão a “hipotecar a educação dos nossos filhos”. Também Albino Almeida sublinha que o apoio social na educação é “um investimento estratégico”, que não deve ser reduzido.

Fonte: Diário de Notícias