domingo, 31 de dezembro de 2017

sábado, 30 de dezembro de 2017

Olha quem escreve sobre Educação !

    A antiga ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que pôs em marcha uma guerra sem quartel contra os docentes, chegando a reunir 100 mil em Lisboa, os quais exteriorizaram, durante uma marcha, a sua indignação em relação à política educativa desenhada por aquela governante, resolveu agora, num artigo de opinião intitulado «Pensar as políticas de saúde e de educação», publicado na edição do Diário de Notícias do passado dia 29 de Dezembro, escrever sobre a Educação. Aqui fica um extracto do referido artigo, no que se refere à Educação.

Na educação, as questões críticas dizem hoje respeito às necessidades de forma­ção dos adultos. São cerca de 600 mil, com idades entre os 25 e os 35 anos, os que não concluíram o básico ou o secundário. Precisamos de criar oportunidades de qualifi­cação para estes adultos e de au­mentar o número dos que prosse­guem estudos no superior. Por isso, não têm razão os estudos que invo­cam razões demográficas para con­cluir que o número de alunos ten­derá a diminuir e que há ou haverá em breve excesso de professores. Nos cenários traçados nesses estu­dos raramente se inclui a exigência de qualificação dos adultos e a identificação dos recursos para tal necessários. Se o fizermos, conclui­remos que, em Portugal, não exis­tem escolas ou professores a mais, mas alunos a menos. São portanto necessárias políticas de educação de adultos, se queremos mesmo superar os défices de qualificação que são, simultaneamente, obstá­culos ao desenvolvimento econó­mico e um dos fundamentos da de­sigualdade social que marca nega­tivamente o país.
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Diário de Notícias   SEXTA-FEIRA 29.12.2017 
 Ano 154.º | N.º 54 309

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

domingo, 24 de dezembro de 2017

domingo, 19 de novembro de 2017

sábado, 11 de novembro de 2017

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Não votar Francisco Alves ...

Aproxima-se a passos largos a data das eleições autárquicas. Embora haja a possibilidade de votar em três listas [Independentes por Cabeceiras (IPC), Partido Socialista (PS) e Coligação Democrática Unitária (CDU)], apenas as duas primeiras terão fortes possibilidades de conquistar a cadeira presidencial.
O PS, que está à frente dos destinos do concelho há mais de 20 anos, apresenta-se a estas eleições com a vontade real de manter o poder, para poder continuar o trabalho pelo desenvolvimento do concelho.
O IPC, que aposta no tudo ou nada nestas eleições, rendeu-se aos encantos do PSD e CDS, com a miragem de assim chegar ao poder… Ora este movimento político agrega gente das mais diversas origens políticas, que ainda não terá dado conta de que o anterior presidente da Câmara, Eng.º Joaquim Barreto, já não é candidato na lista do PS à Câmara Municipal, tem vindo a desenvolver uma campanha que tenta criar fantasmas, de modo a procurar incutir receio nas pessoas…
Tenho a dizer que há cerca de 24 anos fui um dos elementos que integraram a comissão de candidatura do Eng.º Joaquim Barreto, a qual planeou e executou uma campanha que empenhou todas as suas forças para conquistar a Câmara Municipal. Alguns dos elementos preponderantes do IPC que agora se queixam de falta de liberdade eram acérrimos defensores de Joaquim Barreto e até o endeusavam… Quem for sério, admitirá que o concelho já estava bem melhor quando Joaquim Barreto deixou de concorrer à Câmara Municipal, por limitação de mandatos.
Sabemos como surgiu o IPC, há quatro anos. O seu líder, Jorge Machado, foi durante mandatos sucessivos vereador da Câmara Municipal presidida por Joaquim Barreto e nunca, que eu saiba, se queixou de falta de liberdade. Até se tornou militante do Partido Socialista. Mas o caldo entornou-se, há quatro anos, quando na votação para a escolha do candidato do PS os militantes optaram pelo Dr. China Pereira. Naquela época, Jorge Machado terá sentido ‘falta de liberdade’ e como seria quase impossível concretizar o seu sonho, escolheu a via de medir forças com o partido que o promovera durante mais de uma década. Aqui chegados, sabemos como é fácil arregimentar comparsas cujo ego se coloca sempre na primeira fila para ter visibilidade e procurar obter um lugar que lhe possa dar algum prestígio e poder…
O actual Presidente da Câmara, levou a bom porto a sua função, quando alguns punham em dúvida o seu desempenho, a partir do pedido de demissão do Dr. China Pereira, sobretudo devido às ondas geradas no partido e fora dele. Fui acompanhando o desenrolar do mandato, como um cidadão interessado pelas coisas que se vão passando na terra em que vive, e verifiquei como Francisco Alves soube honrar o cargo que tem exercido e dignificar o concelho de Cabeceiras de Basto. Quando muitos julgavam impossível gerir a Câmara Municipal, Francisco Alves teve o engenho de construir pontes…
Do que atrás fica dito, deverá concluir-se que não votar Francisco Alves é defender uma terra em que:
–  a mentira se sobrepõe à verdade;
–  os egoísmos pessoais ou de grupo se sobrepõem à solidariedade;
– o ódio e a maledicência se sobrepõem ao respeito pelo nosso semelhante e à tolerância;
–  o facilitismo se sobrepõe ao rigor e à responsabilidade.
Assim, no próximo dia 1 de Outubro votarei nas listas do Partido Socialista, esperando e desejando que Francisco Alves continue a gerir os destinos do nosso concelho.
Nota: Nunca fui militante de qualquer partido político e também não integro as listas do PS. O que aqui deixo escrito, fi-lo de livre e espontânea vontade.
         Há alturas em que não podemos ficar indiferentes. Esta é uma delas ! …
Telmo Bértolo

domingo, 24 de setembro de 2017

Resumo da obra «O Triunfo dos Porcos», de George Orwell

O leitor já terá ouvido a expressão “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que os outros”. Sabe qual é a sua origem ?

Tal expressão tem a sua origem na obra “O Triunfo dos Porcos”, de George Orwell, publicada no Reino Unido a 17 de Agosto de 1945 e apontada pela revista americana Time como uma das cem melhores da língua inglesa. 


Trata-se de uma obra literária cujas personagens são animais, a viver numa quinta cujo dono é o sr. Jones, na qual é contada uma história protagonizada por dois porcos, Snowball e Napoleão. Orwell recorre a animais para retratar fraquezas humanas e satirizar a luta pelo poder e o seu exercício.
Tudo começa quando consta que o velho Major, um porco muito considerado na quinta, que fora premiado numa exposição, tivera um sonho na noite anterior e que desejava transmiti-lo aos outros animais. Todos concordaram reunir-se no celeiro grande, logo que o sr. Jones se tivesse afastado. E assim foi. Reunidos no local combinado, Major alertou-os para o facto de levarem uma vida miserável, trabalhosa e curta, cujo culpado era o homem. Incentivou-os, pois, a libertar-se do jugo dele, advertindo-os: «Lembrem-se ainda de que quando lutamos contra o homem não devemos vir a parecer-nos com ele; nem, quando o vencermos, devemos copiar os seus vícios. Nenhum animal deverá viver numa casa, nem usar roupas, nem dormir numa cama, nem tocar em dinheiro ou comerciar. Todos os hábitos do homem são depravações. E acima de tudo nenhum animal deve tiranizar outro animal. Fracos ou fortes, espertos ou estúpidos – somos todos irmãos. Nenhum animal deve matar qualquer outro animal. Todos os animais são iguais.» (George Orwell, O Triunfo dos Porcos, Editora Perspectivas & Realidades, Lisboa, 1976, p.11
A seguir contou-lhes o seu sonho, que tinha a ver com a libertação de todos os animais.
Passadas três noites, Major morreu, enquanto dormia. Durante os meses seguintes houve muita actividade secreta. O trabalho de ensinar os outros recaiu naturalmente nos porcos, que eram reconhecidos como os animais mais inteligentes.
«Entre os porcos, salientavam-se, pela sua inteligência, Snowball e Napoleão, que Jones estava a criar para vender. Napoleão era um belo porco Berkshire, o único desta raça que havia na quinta. Não falava muito, mas era persistente nas ideias e sabia conseguir os seus fins. Snowball fora sempre mais vivo do que Napoleão. Falava mais rapidamente e tinha mais iniciativa, mas não o consideravam dotado de tão bom carácter. Todos os outros porcos da quinta eram de engorda. O mais conhecido, entre eles, era um gorducho, chamado Squealer, de faces redondas, olhos brilhantes, movimentos ágeis e voz penetrante. Brilhante falador, quando argumentava sobre algum ponto difícil costumava bambolear-se de um lado para o outro e menear o rabo, movimentos que, não se sabe bem porquê, ajudavam a persuadir. Os outros diziam que Squealer podia fazer do branco, preto.» (idem, ibidem, pp. 17 – 18) 

Depois da conquista do poder na quinta, duas facções se formam: uma liderada pelo porco Snowball, adepto do socialismo moderno e democrático, usando a astúcia e a argumentação para atingir o seu objectivo: a liderança do poder.
Ele próprio redige uma espécie de Constituição, cujo objectivo é regular o funcionamento da quinta. Tal Constituição comporta sete Mandamentos:
Um dia Snowball e Napoleão anunciaram que, «em consequência dos estudos feitos, os porcos, tinham conseguido condensar os princípios do Animalismo em sete mandamentos que iam ser escritos na parede, em grandes letras, mandamentos esses que constituiriam uma lei imutável, que regularia a vida dos animais para sempre». (idem, ibidem, p. 24)

Eram os seguintes os sete mandamentos:
1 – Tudo o que anda com 2 pés é inimigo.
2 – Tudo o que anda com 4 patas ou com asas é amigo.
3 – Nenhum animal usará roupa.
4 – Nenhum animal dormirá na cama.
5 – Nenhum animal beberá álcool.
6 – Nenhum animal matará outro animal.
7 – Todos os animais são iguais.

Snowball era infatigável em arranjar comissões de animais para vários fins. Pelo contrário, Napoleão não se interessava pelas comissões que aquele formava. «Dizia que era mais importante cuidar da educação dos novos do que da dos crescidos.» (idem, ibidem, p. 32)
Entretanto Jessie e Bluebell, tiveram filhos, nove bonitos cachorros. «Assim que foram desmamados, Napoleão tirou-os às mães, dizendo que queria responsabilizar-se pela sua educação. Levou-os para um sótão, aonde só se podia ir por meio de uma escada e conservou-os tão afastados do resto da quinta, que os outros animais depressa se esqueceram deles.» (idem, ibidem, p. 32) 
O leite e as maçãs da quinta eram reservados para os porcos, tendo Squealer argumentado que era para o bem de todos que os porcos bebiam leite e comiam maçãs.
«Começou a ser aceite que, sendo os porcos os animais mais inteligentes do que os outros animais, lhes competia resolver as questões de política da quinta, devendo, no entanto, as suas decisões ser aprovadas por maioria de votos. Isto estaria muito bem se não houvesse disputas entre Snowball e Napoleão. Quando uma discordância era possível, nunca concordavam. Se um sugeria que se semeasse maior área de cevada, o outro preferia que se semeasse maior área de aveia; se um deles entendia que certo campo era bom para couves, logo o outro sustentava que só servia para beterraba. Cada um tinha os seus adeptos e por vezes a luta tornava-se violenta. Nas reuniões Snowball ganhava pelos seus belos discursos, mas Napoleão era mais esperto em angariar votos no intervalo das sessões.» (idem, ibidem, pp. 42 – 43)
Snowball decide então a construção de um moinho de vento, no ponto mais alto da propriedade, «que poderia accionar um dínamo e fornecer energia eléctrica à quinta» (idem, ibidem, p. 43). Este fazia o desenho de fantásticas máquinas «que se encarregariam do trabalho enquanto eles espaireceriam pelos campos ou se instruiriam com leituras e conversas.» (idem, ibidem, p. 45)
Napoleão pronunciara-se contra a construção do moinho desde o princípio.
«Toda a quinta se encontrava dividida por causa do moinho.
Snowball não negava que a sua construção seria muito difícil. As pedras deviam ser cortadas e reunidas em pare­des, seria necessário fazer as velas, precisava-se depois de dínamos e cabos, e Snowball não sabia como havia de ar­ranjar tudo isso. Mas garantia que o conseguiria dentro de um ano, e depois muito trabalho se pouparia e os animais só precisariam de trabalhar três dias por semana.
Napoleão, por seu lado, dizia que era indispensável a produção e que, se fossem perder tempo no moinho de ven­to teriam a fome e portanto a morte.
Os animais dividiram-se em dois grupos. Uns gritavam:
— Votai por Snowball e três dias de trabalho por semana!
Berravam os outros:
— Votai por Napoleão e muita comida!»
Benjamim era o único que se mantinha neutral: não se inclinava para um lado nem para o outro. Não acreditava que viesse a ter mais comida, nem tão-pouco que o moinho poupasse trabalho. Com moinho ou sem moinho a vida havia de continuar como sempre – isto é, mal.»
(idem, ibidem, pp. 44-45)

Chegou, finalmente, o dia em que Snowball finalizou os seus planos.  No domingo seguinte teria de ser decidido, através de votação, se deveria ou não ser construído o moinho de vento.
Antes do momento da votação, Snowball defendeu aquela construção, enquanto Napoleão explicava que aquilo era uma asneira.
«Até aí os animais estavam divididos nas suas simpatias, mas Snowball, num rasgo de eloquência conquistou-os». (idem, ibidem, p. 46)
E quando tudo se preparava para a votação, Napoleão «deu um grito como até então ninguém lhe tinha ouvido» (idem, ibidem, p. 46) e nove enormes cães, usando coleiras de latão, invadiram o celeiro, onde se realizava a reunião, e dirigiram-se a Snowball, que apenas teve tempo de saltar do lugar para escapar aos seus dentes e fugir dali, perseguido pela matilha, até conseguir esgueirar-se por um buraco na sebe, não tornando a ser visto.
Os animais não compreendiam de onde tinham vindo os cães, mas depois o assunto foi esclarecido: eram os cachorros que Napoleão alimentara e educara secretamente. «Muito embora ainda novos, eram corpulentos e tinham olhar de lobos. Foram sentar-se ao lado de Napoleão e foi observado que davam ao rabo em sinal de satisfação, exactamente do mesmo modo que os outros cães faziam ao sr. Jones, o antigo dono da quinta(idem, ibidem, p. 47)
Um dia os animais ficaram surpreendidos quando Napoleão lhes anunciou que ia construir o moinho de vento. «Não explicou por que tinha mudado de ideias.» (idem, ibidem, p. 49)
E Squealer explicou aos outros animais que Napoleão nunca se opusera à construção do moinho de vento; afirmava que advogava desde o início a sua construção e que o plano desenhado por Snowball tinha sido roubado a Napoleão.
«Alguém quis saber então o motivo por que [Napoleão] tinha falado contra ele com tanto ímpeto.
Squealer explicou, com velhacaria:
— O camarada Napoleão procedeu com muita inteligência. Falou contra o moinho só com o intuito de se ver livre de Snowball, que era um mau carácter e um mau elemento.» (idem, ibidem, p. 50)
«Todos os animais se esforçavam como escravos, mas eram felizes. Não se queixavam do sacrifício que estavam a fazer porque sabiam que tudo era em seu benefício e dos seus semelhantes que depois viessem (...).» (idem, ibidem, p. 51)
A partir de determinada altura os porcos ocuparam a casa da quinta e instalaram-se nela. Logo os animais se lembraram do que tinha sido combinado nos primeiros dias da Revolta. Squealer procurou convencê-los da justeza de os porcos viverem na casa, já que eram o cérebro da quinta e necessitavam de um lugar sossegado para trabalhar, acrescentando que era preciso dar certa representação e dignidade à posição do «chefe».
«No entanto os animais começaram a vociferar quando souberam que os porcos tomavam as refeições na cozinha, se serviam dela para recreio e dormiam nas camas.» (idem, ibidem, p. 56)
E o moinho estava quase construído, o que era motivo de orgulho para os animais. «Só o velho Benjamim se recusava a mostrar entusiasmo e somente repetia o seu conhecido estribilho: os burros vivem muito». (idem, ibidem, p. 58)
Numa noite, sobreveio um temporal tão forte que derrubou o moinho, tendo Napoleão acusado Snowball e oferecido uma recompensa pela sua captura.
Os animais voltaram ao trabalho. Os alimentos começaram a escassear. Todos os males ocorridos na quinta eram atribuídos a Snowball.
Um dia, os animais assistiram a algo de terrível: a execução de vários camaradas.
«Se ela [Clover, a égua] pudesse expor os seus sentimentos diria que não era isso o que eles desejavam quando destronaram a raça humana. Estas cenas de terror e assassinato em nada se pareciam com o que visionavam naquela primeira noite em que Major lançara as bases para a Revolta. O seu ideal era uma sociedade de animais livres da fome e do chicote, todos iguais, cada um trabalhando segundo a sua capacidade (...). (idem, ibidem, p. 70)
E os animais continuaram a trabalhar sempre com mais dureza, para acabar o moinho numa data prefixada. «Em certas ocasiões parecia aos animais que trabalhavam mais horas e não se alimentavam melhor do que no tempo de Jones. Nos domingos de manhã, Squealer lia uma tira de papel com números que provavam que na produção de cada classe de cultura se haviam obtido aumentos de 200, 300 ou 500%, conforme o caso. Os animais não tinham motivos para duvidar, tanto mais que não sabiam as condições de produção da quinta antes da Revolta.
De qualquer forma o que eles ambicionavam era mais comida e menos números.» (idem, ibidem, pp. 73 – 74)
Os animais iam descobrindo que os Mandamentos escritos na parede do celeiro iam sendo alterados, segundo as conveniências dos porcos.
Os animais iam sofrendo privações, mas «estas eram em parte compensadas por uma maior dignidade de vida» (idem, ibidem, p. 92), sendo «mais frequentes as cantigas, os discursos, os cortejos». (idem, ibidem, p. 92)
Na Primavera, a Animal Farm proclamou a República e tornou-se necessário eleger um presidente. Havia um só candidato, pois o adversário, Snowball, fora escorraçado da quinta: Napoleão, que foi eleito por unanimidade.
Conquistado o poder, devido a calúnias, traições e ao uso da força, Napoleão modifica a Constituição anterior, de acordo com os seus ideais. A sua Constituição apenas contém cinco Mandamentos:
1 – Tudo o que anda com 4 pernas é bom, com 2 pernas é melhor.
2 – Nenhum animal deve dormir em cama com lençóis.
3 – Nenhum animal deve beber álcool em excesso.
4 – Nenhum animal matará outro animal sem causa.
5– Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros.

Os porcos ia fazendo negócios com os vizinhos. Um dia, venderam a madeira a Frederick. As notas de banco relativas ao pagamento foram inspeccionadas e verificou-se que eram falsas. E foi preferida a sentença de morte daquele. Entretanto, Frederick atacou a quinta e vários animais foram mortos e muitos outros feridos; o moinho foi destruído.
A luta foi sangrenta. Apenas o aparecimento inesperado dos nove cães da guarda pessoal de Napoleão provocou o pânico nos atacantes, que se puseram em fuga. Os animais celebraram a vitória. 
Logo que acabaram as festas da vitória, recomeçou a construção do moinho.
A quinta gerida pelos porcos «enriquecera sem que os animais se tornassem mais ricos – excepto os porcos e os cães – talvez porque houvesse tantos porcos e tantos cães (...)». (idem, ibidem, p. 102)
Apenas os porcos e os cães tinham a vida mais facilitada. Os animais mais velhos puxavam pela memória e procuravam recordar-se de como eram os dias nos primeiros tempos da Revolta, quando Jones fora expulso. Mas não havia termos comparativos. «Os únicos elementos de comparação de que dispunham eram os números que Squealer mostrava, dizendo que tudo ia de bem a melhor.» (idem, ibidem, p. 103)
Aos animais o problema parecia insolúvel. Além disso, havia pouco tempo para pensar. «Somente o velho Benjamim dizia lembrar-se do mais pequeno pormenor da sua longa vida e saber que as coisas nunca tinham sido, nem poderiam vir a ser, muito melhores ou piores – fome, trabalho e desapontamento era uma inalterável lei da vida.» (idem, ibidem, p. 103)
Até que um dia apareceu apenas um Mandamento na parede do celeiro: “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros”. (idem, ibidem, p. 106)

A partir dali, «ninguém se admirou de que, no dia seguinte, todos os porcos levassem chicote. Também não causou espanto que os porcos tivessem comprado uma telefonia, instalado telefone e assinado os jornais John Bull, Tit-Bits e Daily Mirror. Nem se estranhou quando Napoleão passeou no jardim, de cachimbo na boca, nem tão-pouco que os porcos tivessem tirado os fatos de Jones do guarda-roupa e os vestissem. Napoleão aparecia de casaco preto, calções de golfe, polainas de coiro e a sua favorita ostentava o vestido de seda que a sr.ª Jones usava aos domingos.» (idem, ibidem, pp. 106-107)
Os vizinhos agricultores foram convidados para uma visita à quinta. Nessa noite, ouviam-se altos risos e cantigas ressoavam na casa da quinta. O som de vozes misturadas despertou a curiosidade dos animais. Os mais altos espreitaram pelas janelas, tendo ficado surpreendidos com o que viram: homens e porcos confraternizavam, bebendo canecas de cerveja. Uns e outros discursaram e Napoleão anunciou que doravante a quinta chamar-se-ia “Manor Farm”, o seu antigo nome, e propôs um brinde à prosperidade da mesma. Todos os convivas aplaudiram entusiasticamente e esvaziaram as canecas.
Quanto mais os animais cá fora olhavam, mais estranho achavam tudo o que estava a passar-se. Parecia que se tinha alterado alguma coisa na cara dos porcos. Terminados os aplausos, o jogo de cartas que tinha sido interrompido, foi retomado.
Os animais retiraram-se silenciosamente. Contudo, poucos metros tinham andado quando o ruído de vozes os fez retroceder. Lá dentro decorria uma luta violenta, originada pelo facto de Napoleão e o sr. Pilkington terem descartado simultaneamente o ás de espadas.
E o narrador observa: «Não havia dúvidas agora sobre o que estava acontecendo às caras dos porcos. Os que se encontravam lá fora olhavam do porco para o homem, do homem para o porco e novamente do porco para o homem, mas era já impossível distinguir uns dos outros» (idem, ibidem, p.111)

© Telmo Bértolo

terça-feira, 19 de setembro de 2017

«O Triunfo dos Porcos» é uma fábula interessantíssima sobre a luta pelo poder


«ANIMAL FARM» é a minha obra predilecta de George Orwell, desde que a li em versão original, quando frequentava o Curso Complementar dos Liceus, no Liceu Nacional de Rodrigues de Freitas, no Porto, no já longínquo ano lectivo de 1977/78. Já a li várias vezes ao longo da minha vida e não me canso de a reler.

Naquela época existia também uma tradução da obra, publicada pela Editora Perpectivas & Realidades, que optou pelo título «O TRIUNFO DOS PORCOS».
A obra de George Orwell é uma fábula sobre a luta pelo poder, sendo considerada pela crítica uma denúncia sarcástica do estalinismo.
A propósito da sua obra, George Orwell revelou em Why I Write: «Todas as linhas de trabalho erudito que escrevi desde 1936 foram escritas, directa ou indirectamente contra o totalitarismo e em defesa do socialismo democrático, tal como eu o compreendo.» 

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Portaria aprova novo rácio de pessoal não docente

Foi publicada no Diário da República uma Portaria, indicando um novo rácio para o pessoal não docente nos estabelecimentos escolares e a fórmula de cálculo para o efeito. Esperemos que isto venha resolver, ou pelo menos atenuar, a falta de Assistentes Operacionais nas escolas.

sábado, 9 de setembro de 2017

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Ministério da Educação apresenta Aprendizagens Essenciais

Ministério da Educação disponibilizou recentemente o documento Aprendizagens Essenciais, que já serve de documento de trabalho às escolas nas quais irá ser testado o Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular dos ensinos básico e secundário (Despacho n.º 5908/2017, de 5 de julho). Este novo documento substituirá a curto e médio prazo as Metas curriculares, implementadas durante a governação de Nuno Crato.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

OPINIÃO > Joel Neto «São homens e mulheres de quarenta, até mais velhos»

Aqui fica um belo texto de Joel Neto, sobre os Professores.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

OPINIÃO: PAULO FAFE - «Os independentes»

Numa altura em que muitos sentem necessidade de gritar a sua «independência» política, vem a propósito este texto de PAULO FAFE publicado hoje pelo Diário do Minho.