O bom funcionamento do cérebro está na base de um quociente de inteligência (QI) elevado, um comportamento escolar exemplar ou uma memória afinada. Esta é uma afirmação consensual. Mas o que é preciso para que o cérebro funcione bem? A resposta passa por uma alimentação correcta, capaz de potenciar as capacidades da criança ou do adolescente.
É pelo menos essa a convicção de vários nutricionistas, entre os quais o britânico Patrick Holford, autor de “Alimentação Ideal para Crianças Inteligentes”, nas livrarias nacionais desde Maio. Holford reconhece que a estrutura do cérebro é determinada geneticamente e que, nesse aspecto, é inalterável. Contudo, salienta que o que lhe é fornecido como alimento, em conjunto com o que aprende, contribui para o seu desenvolvimento. E é neste capítulo que o autor defende que a nutrição ideal depende de cinco alimentos. Em primeiro lugar, o equilíbrio de açúcar no sangue, o “supercombustível do cérebro”.
Deve evitar-se a ingestão de hidratos de carbono refinados, ou de absorção rápida (como bebidas gasosas, bolachas ou até pão branco com compota), já que fazem disparar os níveis de açúcar no sangue, daí resultando, mais tarde, uma grande quebra de energia. Os bons substitutos são, segundo o especialista, os hidratos de carbono complexos, ou de absorção lenta, como os cereais integrais, os vegetais e os feijões. O pequeno-almoço é uma refeição essencial. Como diz a nutricionista Paula Veloso, “sabe-se há muito tempo que a omissão do pequeno-almoço origina uma falta de atenção e concentração que se reflecte não só no rendimento escolar e na produtividade como no estado de cansaço e no humor”. Acrescenta ainda que a glicose no sangue de uma criança que não faça esta refeição origina irritabilidade, o que pode “criar um mau clima na sala de aula”.
Também os ácidos gordos essenciais (como a própria designação indica) são fundamentais para o cérebro e Holford atribui-lhes grande importância quando o que se pretende é tirar todo o partido das capacidades cognitivas. Segundo o nutricionista, os ómega 3 e ómega 6 promovem a saúde mental, já que a carência pode resultar em depressão, dislexia, hiperactividade com défice de atenção, fadiga, problemas de memória e mesmo autismo. O autor lamenta a actual “fobia às gorduras”, que classifica de boas e más, e garante que as primeiras, ou seja, os ómega, devem ser consumidas sem receio. Para Holford, são boas fontes de ómega 3, entre outras, as sementes de linhaça, de cânhamo e de abóbora, assim como o salmão, o arenque e a sardinha. Quanto aos ómega 6, destaca as nozes, milho, sésamo, óleo de onagra e sementes de groselha preta.
(Continua…)
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