quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Quem disse que a História não se repete?



Barranco de Cegos
(capítulos I, VII, XXI)
O Governo procurava um travão para o descalabro, mas estava também a contas com credores que lhe impunham liquidações já vencidas. A falência do Baring, em Inglaterra, prestamista do Estado, fora um dos sinais da crise. Dera-se a inflação, aumentara a circulação fiduciária. Subiam os preços. E a instabilidade, o receio do pior pegara-se aos espíritos quando, depois da implantação da república no Brasil, surgira o ultimato inglês, em Janeiro de 90, por causa de África.
Um ano depois, a revolta republicana no Porto apressara o pavor, num sinal de que tudo se poderia perder às mãos da canalha carbonária. A partir daí o Governo reparara no exército.
E dava-se ao luxo, por motivos eleitorais, de cobrir os destemperos dos banqueiros nortenhos, metidos até aos cabelos nas negociatas dos caminhos-de-ferro, nas salamancadas.
Tentara fazê-lo com o empréstimo dos Tabacos, mas a manobra redundara num fracasso para o Estado, ficando ainda em grande parte, setenta por cento, nas mãos de franceses e alemães.
O Banco Lusitano já rachara pelo meio. E nos descalabros das finanças entrelaçavam-se as concessões dos caminhos-de-ferro de Lourenço Marques, o escândalo da Companhia do Niassa e as consequências do novo tratado com a Inglaterra. Caminhava-se para a bancarrota.
Sacudia-se a Europa em mais outra crise. De superprodução. Enquanto a nossa era financeira, de especulação pura.
Os câmbios baixos do Brasil forçavam a emigrar os que viviam desses rendimentos em Lisboa e no Porto; e eram muitos. Fechavam-se fábricas e ficavam mais operários sem trabalho. Entre o protesto de letras e o desespero de muitos créditos volatilizados, encerravam-se lojas e muitos comerciantes biscavam no suicídio a saída válida para a desonra. Usava-se a corda, o tiro no céu-da-boca e o rodado do comboio para resolver alguns problemas.
 (...)
Metade das receitas do Estado iam para os encargos da dívida pública. O Crédit Lyonnais não deixava de insistir no reembolso da soma bárbara que emprestara à Fazenda Nacional e os liquidatários do Baring batiam a mesma solfa; a maior parte do empréstimo dos Tabacos esvaíra-se em juros, só juros de dívida externa nos sinapismos para aguentar certas companhias e na compra de prata para amoedar. No Banco de Portugal tinham-lhe dito, em confidência, sob palavras de honra, que o deficit da balança comercial iria descer, mas só por falta de cheta; e que em Lisboa, só em Lisboa, haviam falido e encerrado as portas mais de quatrocentas lojas.
(...)
Diziam que a agricultura vivia à sombra das árvores da preguiça, do sobreiro e da oliveira, mas esqueciam-se de sublinhar que o dividendo da sociedade anónima era outra árvore de mandria, maior e mais falsa, porque as outras mudavam de dono, mas não secavam facilmente, e essa morria sem se saber de quê.
Morria quando convinha aos que a haviam plantado, sem quais quês. Bastava vir a companhia estrangeira que oferecesse boa posição aos accionistas principais. E adeus patriotismo.
(...)
A propósito das ambições anglo-saxónicas sobre a África Portuguesa, Diogo Relvas aludiu a essa Europa de egoísmo e rapina, onde já se misturavam ideias de repúblicas socialistas. Falou das greves por toda a parte. Entre nós deveria fazer-se a mão pesada sobre os agitadores.
Alves Redol, 1961
(Na comemoração do centenário do seu nascimento)
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SEARA NOVA  N.º 1722 | Inverno | 2012

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A grande ilusão?!...


Ministérios das Finanças e da Educação e Ciência
Fixa o número de vagas atribuído a cada um dos quadros de zona pedagógica, a preencher no concurso externo extraordinário regulado pelo Decreto-Lei n.º 7/2013, de 17 de janeiro

domingo, 20 de janeiro de 2013

António Barreto está enganado!...

“Tem-se medo de dizer que, no conjunto europeu, os professores são mais bem tratados que os professores dos outros países, ou que os funcionários públicos têm um regime global muito privilegiado em relação aos trabalhadores do privado, que há inúmeras excepções para os emigrantes, para os habitantes dos Açores, para os residentes na Madeira, para as pessoas do Interior, para os filhos dos emigrantes, para os filhos destes, daqueles e daqueloutros. Há inúmeras situações de privilégios e privilégios. Sabe-se isto tudo há muitos anos e os governos fogem sempre a discutir isso. Porque isso não dá votos, não serve para a demagogia. E então põe-se o FMI ao serviço.”
António Barreto em entrevista ao jornal i

Comentário:
No que diz respeito aos professores, ou António Barreto está a referir-se aos docentes do Ensino Superior ou então anda muito mal informado, sem ler jornais ou ver Telejornais. Já li coisas absurdas defendidas por ele, nomeadamente a “municipalização” da Educação, por isso já nem estranho estas suas tiradas. Mas lamento que uma pessoa da sua craveira emita tais opiniões!…

De regresso à Idade Média?...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

domingo, 13 de janeiro de 2013

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

sábado, 5 de janeiro de 2013

Um olhar sobre a Educação em 2012

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Um incentivo a queixas contra docentes?!...

90 mil professores já preencheram o e-Bio

A Justiça não dorme...


Tribunal suspende anulação de contratos


O Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa decretou provisoriamente uma providência cautelar interposta por cerca de 40 professores do Agrupamento de Escolas Prof. Agostinho da Silva, em Casal de Cambra (Sintra), e mandou suspender a anulação dos contratos destes docentes.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Morreu «capitão de Abril»




Conheci pessoalmente Marques Júnior em 1983, quando fui chamado a cumprir o Serviço Militar Obrigatório na Escola Prática de Infantaria (EPI), no Curso Geral de Milicianos, em Mafra. Marques Júnior era então capitão e comandava a Companhia na qual estava integrado o pelotão a que eu pertencia. Ficou-me a impressão de que era um militar muito diferente de outros que se cruzavam connosco no serviço militar, simpático, respeitado pela sua actuação e não apenas pelo peso das suas divisas. Mais tarde ingressou na vida política, tornando-se deputado na Assembleia da República, primeiro pelo Partido Renovador Democrático (PRD) e mais tarde pelo Partido Socialista.