quarta-feira, 10 de junho de 2009

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...

No dia em que também é celebrado Camões, aqui fica um poema do nosso príncipe dos poetas.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

muda-se o ser, muda-se a confiança;

todo o mundo é composto de mudança,

tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,

diferentes em tudo da esperança;

do mal ficam as mágoas na lembrança,

e do bem (se algum houve), as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,

o que já coberto foi de neve fria,

e, em mim, converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,

outra mudança faz de mor espanto:

que não se muda já como soía.

Luís de Camões

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