Não conheço nenhum município que encontre no diálogo com os respectivos cidadãos uma prática comum prolongada na linha temporal de um mandato autárquico. Perdem todos.
Há qualquer coisa de indizível na afectividade que nos liga ao lugar onde vivemos. Assim é a minha relação com Braga. Reconheço que a cidade poderia ter outros equipamentos, outra arquitectura, outra rede de transportes públicos, outra centralidade…, mas é aí que eu gosto de morar. Agora que estamos em período de aquecimento para a campanha autárquica, talvez fosse pertinente colocar na agenda política aquilo que os cidadãos têm a dizer acerca dos lugares que habitam. E tornar esse diálogo contínuo para lá das eleições.
Não há muitas oportunidades para discutir as cidades. Não será esta uma limitação de Braga. Outros municípios experimentam a mesma dificuldade. Há uma enorme espiral do silêncio que começa avolumar-se logo depois de qualquer processo eleitoral. Vota-se em determinado candidato e isso parece constituir um processo que se fecha nas urnas. Não aprecio esse tipo de democracia, nem tão pouco acho que isso favoreça a fortalecimento de uma sociedade empenhada na “coisa pública”. Claro que poderemos sempre argumentar que há uma cidadania de baixa intensidade que entrava qualquer debate público alargado, empenhado, musculado… Esse tipo de argumentos neutraliza qualquer mudança. Não poderemos, como é fácil perceber, criar lógicas que nos aprisionem na reprodução de más opções.
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