Sócrates ensaia nova imagem de líder “humilde”
Há um novo José Sócrates que despontou com o descalabro eleitoral do PS nas eleições europeias: um Sócrates que prega as virtudes da “humildade”, que admite o “desgaste” da governação, que ouve críticas internas sem se irritar, que se disponibiliza aos jornalistas para responder a perguntas sem que lho peçam, que defende que é preciso a maioria PS “falar de outra forma” de forma a “chegar mais perto” dos cidadãos.
Até quando irá durar? É o que resta saber. Hoje o debate da moção de censura apresentada pelo CDS-PP (ler texto ao lado) permitirá perceber se este “novo” Sócrates se contém face aos ataques da oposição ou se não resiste a ser o “animal feroz” do costume.
Anteontem à noite, na primeira reunião da Comissão Política Nacional do PS depois das eleições, foi um Sócrates diferente que se apresentou perante os seus camaradas. Alguém que admitiu que era preciso “olhar com humildade para aquilo que não correu bem”. A reunião foi muito participada e no final até um adversário interno do secretário-geral do PS, António José Seguro, admitiu que foi “uma boa reunião”. Sócrates voltou a colocar a fasquia eleitoral do PS na maioria absoluta. Quer melhorar a explicação das políticas.
Dirigentes socialistas presentes na reunião disseram ao DN que as principais intervenções couberam a Carlos César, António José Seguro, Francisco Assis e Joaquim Raposo (líder do PS de Lisboa).
O único que criticou a escolha de Vital Moreira foi Carlos César. O líder açoriano sublinhou que todos os dias de campanha o cabeça de lista do PS perdeu para o do PSD, Paulo Rangel. Fez um forte apelo à reunificação do PS, convocando os “desavindos” e referindo aqui Manuel Alegre.
Joaquim Raposo, pelo seu lado, recordou que as lições do passado ensinam que um partido de poder derrotado nas europeias perde as legislativas a seguir. Criticou o “discurso superficial” de Sócrates para justificar a derrota. Já Francisco Assis lembrou a urgência de uma revitalização anímica do PS e instou a que não se entre num “processo depressivo”.
O primeiro sinal da tentativa de refrescamento da imagem do partido surgiu com a escolha de João Tiago Silva, o jovem secretário de Estado da Justiça, para porta-voz do PS na campanha eleitoral. António Vitorino irá coordenar a elaboração do programa eleitoral e Vieira da Silva será o coordenador da campanha.
Fonte: Diário de Notícias
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