“É preciso pensar estes resultados, obviamente”, considera o socialista Vera Jardim ao comentar a derrota eleitoral do PS nas eleições europeias.
O deputado acrescenta que “essa reflexão” deve ser feita “nos órgãos próprios” do partido e pelo Governo.
Em declarações ao programa “Falar Claro” da Renascença, em que debate à segunda-feira temas da actualidade com o social-democrata Nuno Morais Sarmento, o antigo ministro da Justiça de António Guterres defendeu que a “abstenção causticou o PS” e que a “parte do eleitorado que está descontente, são aqueles que se sentem vitimizados por reformas do PS”.
“Muito votante tradicional do PS ficou em casa, foi a sua maneira de protestar e, portanto, acho que a abstenção causticou, castigou muito especialmente o PS”, afirmou.
Para Vera Jardim “não há dúvida nenhuma que uma parte do eleitorado está descontente com o PS” e essa parte do eleitorado, acrescentou, “são todos aqueles que se sentem vitimizados por reformas do PS. São os professores, são os funcionários públicos, é o pessoal da Justiça, etc”.
Apesar de, na sua opinião, as reformas levadas a cabo pelo Governo “com coragem” e de uma maneira geral “num bom sentido” resultaram “num grande descontentamento num conjunto de classes sociais com grande influência”.
Vera Jardim concluiu que “é preciso pensar estes resultados”, defendendo que a reflexão sobre “o que é que falhou” e “quais são as causas desta derrota” deve ser feita, desde logo, nos “órgão próprios do partido” e também pelo Governo.
“Nacionalização das eleições foi erro trágico do PS”, diz Nuno Morais Sarmento. Para o social-democrata Nuno Morais Sarmento “foi um erro trágico” para o PS “nacionalizar as eleições e os temas das eleições” considerando que “o jogo está em aberto para as legislativas”.
“O último cartaz do PS era: nós combatemos a crise, os outros combatem o PS, ou seja, o PS não fez um cartaz sobre as Europeias. O PS aceitou e o engenheiro Sócrates qui-lo pessoalmente. Chegou-se à frente e disse «Eu aqui estou. Estas eleições vão ser também um teste ao que o governo tem feito de bem e de mal e faz um cartaz destes». Portanto, nacionalizaram erradamente, e acho que foi um erro trágico para o PS nacionalizarem estas eleições e os temas das eleições”, afirmou.
Nuno Morais Sarmento sublinhou que estas eleições revelaram “pela primeira vez, ao fim de vários anos, qual a leitura que o povo português faz da situação económica e social difícil que o país atravessa, da reacção do Governo sobre a crise, do conjunto de situações que envolveu, directa ou indirectamente, figuras do PS e o Primeiro-ministro e da estratégia de vitimização que o PS decidiu prosseguir”.
O antigo ministro de Durão Barroso defendeu que “é de meridiano bom senso perceber” que se estas eleições tivessem sido legislativas “encontraríamos na abstenção muito mais voto de protesto no sentido de voto de discordância do PS do que o contrário”.
Nuno Morais Sarmento diz que foram os 26% do PS o “resultado que é mais surpreendente” e que se explica “porque o PS perde não só votos à direita, para o PSD, como perde um número significativo de votos à esquerda, para o Bloco de Esquerda e para o Partido Comunista”.
Morais Sarmento acusou ainda as sondagens de falta de seriedade e de enganar os Portugueses.
“Não é sério politicamente o que está a ser feito, isto tem de ser denunciado porque isto tem consequências políticas. É evidente que ver o seu partido durante um ano seguido a não subir, a ser esmagado, a ser ridicularizado pelos resultados hipotéticos que as sondagens apontam. Ao ver os comentadores todos a dissertar longamente sobre sondagens que o apontam como morto politicamente. Chegam as eleições e afinal era ao contrário. Você sente-se enganado”, afirmou.
Castro Moura
Fonte: Rádio Renascença
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