Através do Ministério da Educação o Governo transformou-se na maior indústria nacional de produção de certificados e diplomas escolares. Ou mais vernaculamente dizendo, de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências! O que, afinal, confirmar vem que nem tudo é crise no país.
Ora, de quando em vez, os órgãos de comunicação social relatam bombasticamente a entrega, por parte das autoridades governativas, de mais umas centenas, senão milhares, de canudos. E o nosso primeiro-ministro, como demonstrado tem ser um amante de maratonas, não perde pitada dessas sessões de pseudo-literacia nacional.
E, então, é ver jovens, menos jovens e até idosos, de longo sorriso e farto peito, arrecadar o dito certificado, saltando, por obra e graça de tão estrambólico programa, do 6.º para o 9.º e deste para o 12.º ano de escolaridade. E, como acordados, de repente, de um longo sono de iliteracia ou pesadelo existencial, loas tecem a tão abençoado Governo que tantos e tais milagres faz!
Mas, claramente dito e feito, a quem proveito traz o dito programa Novas Oportunidades? Obviamente, primeiro, a uma certa campanha eleitoral do Governo; segundo, às estatísticas escolares europeias; e terceiro, a formadores, orientadores e dinamizadores que, à pala do dito cujo, o bolso enchendo vão... de euros. O que nos leva a questionar se, afinal, um programa de Novas Oportunidades não estará transformado num programa de Velhos Oportunismos e Oportunistas?
Não há dúvida de que o Governo Sócrates é um poço de surpresas, de dúbias surpresas. Inicialmente foi o “MagaIhães” (que já aparece nas feiras e lojas de penhores) a alvoroçar o país e, agora, o abre-te sésamo dos diplomas e certificados escolares (ainda não nas feiras e lojas de penhores, mas em saldo). Quem sabe, se calhar, em breve, da cartola sairá a mágica fórmula de pôr o país a engordar sem comer ou a emagrecer de papo farto.
Todavia, com o programa Novas Oportunidades, dizem os responsáveis que melhora a qualificação das pessoas e o país se moderniza e progride. Mas, como? Com meia dúzia de pinceladas de aprendizagem, uns dossiês de banalidades e umas quantas injecções de modernices e demagogia?
Não brinquem com coisas sérias! Todos sabemos o que os nossos filhos penaram e penam para vencerem os três anos (e não três meses) para alcançarem o 9.º ano e muitíssimo mais ainda para concluírem o 12.º! São horas e horas, disciplinas e disciplinas, de muito trabalho, suor e... algumas lágrimas!
E, depois, de obterem o canudo será que alguma coisa melhora mesmo? Diminui, por exemplo, o desemprego, a pobreza, a preguiça e a bacoquice nacional? Aumenta a produção, a inovação e o dinamismo nas empresas? E o país fica mais rico? Façam, por favor, as estatísticas e publiquem-nas!
Francamente, isto faz-me lembrar as reumáticas campanhas de alfabetização de adultos de Salazar ou as de dinamização cultural da 5.ª Divisão, no tempo do PREC. O que me leva a concluir que com “Magalhães” e Novas Oportunidades a coisa não vai, mas racha. É que racha mesmo!
Dinis Salgado
Fonte: Diário do Minho [17.06.2009]
Um comentário:
Deixe-se de rodriguinhos e estude a matéria! Que tal uma actualização pedagógica, hã? É que para quem nada percebe de educação de adultos, as suas patacoadas dão é vontade de rir. Ou não...
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