sábado, 22 de agosto de 2009

A ‘lei’ do chicote…

Modelo muçulmana condenada a chicotadas por beber cerveja na Malásia

Uma manequim da Malásia foi condenada a receber chicotadas por beber cerveja, e pediu ontem que a pena seja aplicada publicamente, como forma de dissuadir outros muçulmanos a consumir álcool.

Kartika Sari Dewi Shukarno foi condenada a receber seis chicotadas e ao pagamento de uma multa de cinco mil ringits (cerca de 990 euros), por ter bebido cerveja no bar de um hotel de Pahang, um estado da Malásia, em Dezembro de 2007. O consumo de álcool constitui uma infracção à lei islâmica.

A pena deveria ser aplicada numa prisão feminina, mas a modelo, muçulmana, pediu que fosse chicoteada publicamente, como “uma forma eficaz de educar os muçulmanos a não beber”, indicou à agência AFP.

Kartika será a primeira mulher na Malásia a receber esta pena aplicada a muçulmanos, que constituem 60 por cento dos 27 milhões de habitantes do país.

“Estou pronta para receber as chicotadas em público em frente a uma mesquita, mas o Ministério Público disse ao meu pai que isso não seria possível. Também pedi a presença de jornalistas, mas não foi autorizada”, explicou.

A Amnistia Internacional sublinhou que as autoridades da Malásia deviam “revogar imediatamente a decisão de chicoteá-la e abolir totalmente a prática”.

“Chicotear é uma forma de punição cruel, desumana e degradante e é proibida na legislação internacional dos Direitos Humanos”, indicou a Amnistia num comunicado.

Kartika Sari Dewi Shukarno, de 32 anos, tem dois filhos e vive há 15 anos em Singapura. Trabalhava num hospital, mas devido ao episódio foi levada a deixar esse emprego. “Eu só disse que era manequim para proteger o meu trabalho a tempo inteiro. Senti-me muito humilhada porque as pessoas usaram o facto de eu ser modelo em part-time para publicitar o meu caso”, afirmou Kartika.

Com minorias chinesas e indianas, a Malásia tem um sistema judicial duplo, em que os tribunais islâmicos podem julgar os muçulmanos e aplicar a lei islâmica, da religião maioritária no país.

Em Kuala Lumpur, capital da Malásia, as restrições ao consumo de álcool por muçulmanos são menos firmes.

Fonte: PÚBLICO

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