Não se sabe se é resquícios da ditadura, paranóia, velhos hábitos de coscuvilhice ou apenas espionagem pouco profissional. Certo é que, ciclicamente, surgem notícias sobre escutas telefónicas ilegais. E as conclusões nunca chegam a dissipar as suspeitas. Foi assim quando o procurador-geral da República afirmou que lhe ouviam as conversas. Sucedeu o mesmo com o Envelope 9. Agora, o PS acusou Belém de participar na elaboração do programa do PSD e um assessor anónimo do PR afirmou que isso só se poderia saber através de escutas.
Das duas, uma: ou a Presidência está mesmo a ser vigiada, o que é muitíssimo grave e levaria à demissão do Governo; ou o dito assessor lançou uma suspeita infundada e deve ser afastado. Aliás, que Belém colabora com Ferreira Leite é uma evidência. O próprio site do PSD chegou a anunciá-lo. E as escutas não são, evidentemente, a única forma de se obter informação.
Mas, tal como numa telenovela, independentemente do que sucedeu, já se sabe o desfecho deste novo caso de pulga atrás da orelha. Será o mesmo dos anteriores: a verdade não virá completamente à tona e a desconfiança permanecerá. Pelo menos, é isso que o silêncio de Cavaco Silva alimenta. E a recusa do próprio procurador em investigar o caso determina.
Joana Amaral Dias, Docente universitária (pensaalto@gmail.com)
Fonte: Correio da Manhã
Nenhum comentário:
Postar um comentário