A EDUCAÇÃO E OS PROFESSORES
Marcos Perestrello
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ma boa educação pública é o principal garante da igualdade de oportunidades, da mobilidade social e, provavelmente, a maior ajuda que o Estado pode prestar às famílias com filhos.
Nos últimos anos, a escola pública sofreu transformações profundas e, em geral, positivas. O êxito das novas exigências escolares, porém, depende muito do empenhamento dos professores e profissionais não docentes, que é necessário motivar e mobilizar para tanto. Neste ponto, o Ministério da Educação falhou.
É importante referir o arrojado plano de intervenção no parque escolar, com obras essenciais para as escolas públicas oferecerem boas condições aos alunos e aos profissionais que lá trabalham. A determinação que encerrou escolas com poucos alunos e criou condições para a maioria das escolas ter horários a tempo inteiro, que implementou aulas de substituição e reduziu o absentismo serviu também para implementar o programa de informatização e de generalização do ensino do inglês aos alunos do primeiro ciclo. A imaginação com que se conseguiu colocar os professores por períodos plurianuais foi também usada para encontrar um modelo de gestão das escolas com um maior envolvimento dos pais, das autarquias e da comunidade.
Mas essa imaginação transformou-se em rigidez quando foi necessário ultrapassar as dificuldades encontradas no sistema de avaliação dos professores, corrigir as incongruências do sistema de gestão ou contornar as barreiras à mobilidade anual dos colocados a centenas de quilómetros das suas residências. E a determinação transformou-se em obstinação quando foi precisa coragem para voltar atrás na divisão da carreira em titulares e não titulares ou resolver os problemas decorrentes da falta de pessoal não docente.
Quando a ministra da Educação disse que “perdeu os professores, mas ganhou a opinião pública”, confessou indirectamente o seu fracasso neste ponto fulcral. A partir daí, deixou de ser possível devolver às escolas o clima de estabilidade necessário ao êxito das mudanças iniciadas. Mais do que tudo, foi uma atitude hostil que deu aos professores um pretexto mobilizador, acabando por transformar uma luta profissional numa luta também política.
No tempo que aí vem, vai ser fundamental assegurar as reformas essenciais, designadamente as de natureza curricular, e manter o ritmo de investimento na construção e recuperação do parque escolar. Mas o grande desafio que se tem pela frente é o de encontrar uma nova forma de relacionamento recíproco entre o Ministério da Educação e os professores. De outra forma, será difícil acabar com a instabilidade e a conflitualidade e transformar as escolas em espaços de aprendizagem, exigentes, criativos, cívicos e seguros. Espaços onde se aprenda e ensine com a consciência de que é o futuro que se prepara e decide.
Expresso N.º 1921 | 22 de Agosto de 2009
Comentário:
Quando li este artigo de opinião de Marcos Perestrello publicado pelo jornal Expresso, a primeira reacção foi ficar de boca aberta. Não podia estar mais de acordo com ele. Não contava que ele fosse capaz de escrever um artigo deste estilo, apontando os problemas que corroem o bem-estar dos docentes.
Contudo, uma pergunta aflorou à minha mente: Por que razão só agora foi capaz de assumir publicamente estas críticas, quando teve muitas oportunidades de o fazer e não o fez?
Marcos Perestrello não é um militante qualquer. Faz parte da estrutura do Partido Socialista e era um dos participantes no programa televisivo “Corredor do Poder”, no qual eram analisadas as políticas do Governo e ele era um defensor acérrimo das mesmas.
O que terá provocado esta súbita ‘iluminação’ na sua mente? O facto de ser candidato ao município de Oeiras não será alheio a esta atitude, pois é preciso a todo o custo conquistar todos os votozinhos que seja possível… Nem que para isso seja preciso dizer o contrário daquilo que andou a defender toda uma legislatura!...
Mas há cambalhotas que não produzem mais nenhum efeito prático, a não ser ridicularizar o autor das mesmas!...
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