O PODER QUE OFUSCA
Um jovem muito rico foi ter com um sábio, para lhe pedir um conselho a fim de orientar a sua vida. O velho experiente levou o rapaz até uma janela e perguntou-lhe:
─ O que vê através dos vidros?
─ Vejo pessoas que vão e vêm e um cego pedindo esmola na rua.
Então, o sábio mostrou-lhe um grande espelho e questionou:
─ Olhe agora para o espelho e diga-me o que vê.
─ Vejo-me a mim mesmo ─ disse o rapaz.
E o sábio explicou:
─ Repare que a janela e o espelho são ambos feitos da mesma matéria-prima, que é o vidro. No entanto, no espelho há uma fina camada de prata colada sob o vidro e isso faz com que, ao olhar para ele, veja apenas a sua pessoa.
Em certas ocasiões, algo semelhante acontece nas empresas. Quando na condição de simples funcionário, o indivíduo porta-se como o vidro simples: vê os problemas dos outros e até sente compaixão por eles. Mas quando está coberto pela prata, rico de poder por exercer um cargo de chefia, esse mesmo indivíduo só se enxerga a si mesmo. Esta é uma armadilha em que é fácil cair. Para evitar isso, procure sempre lembrar-se destes dois tipos de vidro. Cuidado para que o revestimento de prata, ou seja, o poder do cargo, não o impeça de conhecer melhor os seus funcionários e de ver com transparência a realidade da sua empresa ou do seu sector.
Alexandre Rangel, O que Podemos Aprender
com os Gansos ─ 2.º volume (2.ª edição),
Casa das Letras, Cruz Quebrada, 2007, p. 78
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