Anda por aí uma excitada campanha (principalmente na blogosfera, mas também já a vi num jornal) contra o ponto de exclamação, do qual se diz o que Mafoma não disse do toucinho. Depois do quase total desaparecimento da prosa por assim dizer jornalística (e “jornalística” é o pior que se pode dizer de uma prosa) do ponto e vírgula, das perifrásticas, dos tempos compostos e, de um modo geral, de tudo o que vá além do pretérito perfeito e do modo indicativo (sobrevivem ainda, penosamente, uma ou outra incursão no condicional ou no futuro), parece que a “smsização” da Língua chegou aos sinais de pontuação, não tarda substituídos todos por animações e “emoticons”. O que vinga é o modelo “jornalístico” dos períodos (para não dizer igualmente das ideias) telegráficos e facilmente digestíveis, para o que bastam os pontos finais e uma ou outra desamparada vírgula. E temamos também por elas, pelas vírgulas, porque, se no caso do pobre ponto de exclamação o motivo é o seu mau uso ou o seu abuso, basta ver os maus tratos que as vírgulas sofrem hoje em jornais e blogues para não lhes augurar luzido futuro.
Fonte: Jornal de Notícias [03.08.2009]
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