Especialistas espanhóis em nutrição advertem para os perigos dos maus hábitos alimentares e dizem que os consumidores deviam ser informados das consequências de certos alimentos, da mesma forma que são advertidos dos malefícios do tabaco.
Comer mal não só provoca obesidade como também diabetes e doenças cardiovasculares. As alergias e intolerâncias estão também a aumentar. Os hábitos alimentares estão a mudar radicalmente e para pior, avisam os especialistas.
Segundo um artigo publicado no El País, se esta situação não se inverter, a Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê algo inédito, pelo menos nos anos mais recentes: as crianças que nasceram depois de 2000 poderão ter menos esperança de vida que as que nasceram nos anos anteriores.
Manuel Serrano-Ríos, catedrático de Medicina Interna da Universidade Complutense e membro da Real Academia de Medicina espanhola, opina que “globalmente, uma má nutrição é um factor de risco mais grave que o tabaco, e o seu impacto é maior sobre muitos sistemas”. Pilar Cerver, ex-directora do Centro de Ensino Superior de Nutrição e Dietética, também considera que as consequências de comer mal são maiores que as do tabaco, embora a propaganda anti-tabágica tenha “mais efeito porque fala de consequências mais concretas”, assegura Cervera.
Para os especialistas, é uma espécie de paradoxo: melhorámos as condições de vida, mas a qualidade ou equilíbrio na alimentação humana tem piorado. Hoje em dia somos mais exigentes nos cuidados com a saúde, mas alimentamo-nos pior. “Não sabemos bem porque é que isto acontece", diz Isabel Ávila, responsável por um estudo recente sobre hábitos saudáveis. O estudo concluiu que apenas 6% da população espanhola atinge os objectivos recomendados no que concerne ao consumo de frutas, verduras, peixe e legumes.
Não são claras as razões do aumento da obesidade, nem a solução para a dirimir, mas há consenso sobre qual deveria ser o principal meio de combate: a educação é a base para mudar hábitos difíceis de acabar conforme o avançar da idade. A formação é fundamental pois “existe um risco de manipulação, já que as pessoas acreditam em tudo o que se diz sobre dietas e no que é anunciado em televisão”, disse Serrano-Rios.
Uma falta de conhecimento que é passada de pais para filhos: “As crianças são grandes imitadores, por isso é muito importante que toda a família coma a mesma coisa”, diz Cervera.
Fonte: Jornal de Notícias
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