domingo, 3 de maio de 2009

Dia da Mãe

Mãe

Mãe ― que adormeceste este viver dorido,

E me vale esta noite de tal frio,

E com as mãos piedosas ate o fio

Do meu pobre existir, meio partido…

Que me leve consigo, adormecido,

Ao passar pelo sítio mais sombrio…

Me banhe e lave a alma lá no rio

Da clara luz do seu olhar querido…

Eu dava o meu orgulho de homem ― dava

Minha estéril ciência, sem receio,

E em débil criancinha me tornava,

Descuidada, feliz, dócil também,

Se eu pudesse dormir sobre o teu seio,

Se tu fosses, querida, a minha mãe!

Antero de Quental, Sonetos

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