sexta-feira, 8 de maio de 2009

Uma maneira engenhosa de melhorar as estatísticas...

Melhoria da realidade terá reflexo estatístico

P.A.

O nível de qualificações dos portugueses sairá beneficiado com as Novas Oportunidades, mas para Maria de Lurdes Rodrigues, ministra da Educação, esse facto só pode ser encarado como positivo.

As Novas Oportunidades poderão dar um contributo significativo para formar mais portugueses com o 12.º ano? Em que medida?

Quando o programa foi lançado, existiam 3,5 milhões de pessoas no mercado de trabalho sem o 12.º ano; só 20% da população adulta, entre os 25 e os 64 anos, tinham o secundário completo; quase metade dos jovens, entre os 18 e os 25 anos, abandonavam os estudos sem concluir o secundário. O Novas Oportunidades (NO) tem duas vertentes: adultos e jovens. A primeira destina-se a maiores de 18 anos, já no mercado de trabalho, que não tiveram oportunidade no seu tempo. A segunda, a jovens que têm ofertas como cursos profissionais ou de educação e formação, que visam combater o abandono escolar e prevenir a entrada precoce no mercado de trabalho de jovens sem qualificações. O esforço de qualificação do NO já abrange mais de 800 mil pessoas - há 713 mil inscritos nos Centros Novas Oportunidades e 97 mil nos Cursos de Educação e Formação de Adultos. Das 209 mil pessoas já certificadas, 191 mil completaram o básico e 18 mil o secundário. O predomínio do básico resulta de o défice de qualificação ser muito elevado. Por outro lado, a qualificação ao nível do secundário é muito mais exigente, com requisitos e complexidade superiores, além de o processo de certificação ser mais lento.

Não há um empolamento estatístico a prazo através da Novas Oportunidades?

Não. De forma alguma. Os indicadores estatísticos só podem melhorar quando a realidade melhora. À medida que mais portugueses vão melhorando a sua qualificação é natural que isso tenha reflexos nos indicadores estatísticos que medem o nível de qualificação da população.

As Novas Oportunidades não criam circunstâncias desiguais? Fazer o secundário em três anos ou em meio ano é bem diferente.

Por norma, não é possível ter a certificação de competências do 12.º ano em seis meses. Se isso acontecer, é porque estamos perante adultos com percursos profissionais muito qualificados, ou a quem já faltava muito pouco para concluir o secundário. A hipótese de um indivíduo trocar um percurso pelo outro não se coloca: um jovem que tenha saído precocemente do sistema de ensino tem um percurso profissional demasiado curto para ter certificadas em alguns meses as competências adquiridas no mundo do trabalho.

Fonte: Jornal de Notícias

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