segunda-feira, 5 de julho de 2010

Conselho Geral do Arco protesta contra extinção do Agrupamento

O Conselho Geral do Agrupamento de Escolas do Arco, do concelho de Cabeceiras de Basto, aprovou, no passado dia 25 de Junho, uma Moção na qual manifesta a «profunda discordância e o seu mais veemente protesto», sendo exigida «a revogação da medida» A moção foi enviada ao Presidente da República, ao Primeiro-Ministro, à Ministra da Educação, ao Director Regional de Educação do Norte e ao Presidente da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto.

MOÇÃO APROVADA PELO CONSELHO GERAL

Fomos confrontados – no passado dia 14 de Junho – com a notícia da extinção do Agrupamento de Escolas do Arco. Perante mais esta imposição do Ministério da Educação, não pode este Conselho Geral, até por força das suas competências, deixar de manifestar a sua profunda discordância e o seu mais veemente protesto.

Os critérios que presidiram a esta “reorganização”, por muito que o Ministério não o assuma e fale, paternalmente, em benefícios pedagógicos para os nossos alunos, prendem-se apenas com razões economicistas, consubstanciadas na redução de cargos de direcção, de docentes e de não docentes Pretende-se cortar, poupar, exactamente onde mais se deveria investir: na educação dos nossos filhos, no futuro do nosso país!

Ninguém foi, ainda, capaz de explicar que benefícios pedagógicos podem os nossos alunos conseguir com esta medida.

Que benefícios serão tão inadiáveis e prementes este ano, que não foram sequer percepcionados há um ano apenas, altura em que os Directores e os Conselhos Gerais foram eleitos, supostamente, para quatro anos de mandato?

Que corrente pedagógica visionária é esta que não antecipa, a muito provável, reduzida operacionalidade do novo Mega Agrupamento?

Que não entende que os Departamentos Curriculares, os Grupos Disciplinares e os Conselhos de Docentes, dado o elevado número de elementos que os constituirão, levarão a uma articulação e um trabalho pedagógico muito dificultados, tornando-se alguns deles pouco mais que plenários de professores?

Que não percebe que se perde a gestão de proximidade, que tantas coisas resolve oportunamente, na hora, quer no que respeita a alunos, professores, pais e funcionários, quer no que respeita à gestão de processos e calendários?

Que não respeita as lideranças das escolas, normalmente avaliadas, nos relatórios da IGE, com Bom ou Muito Bom?

Que não compreende que a perda de Direcção autónoma numa escola a esvazia de autoridade formal e de proximidade?

Que as escolas terão tendência a ficar mais indisciplinadas, particularmente os alunos, pois a falta de liderança próxima – todos o sabemos! – é um convite a que situações deste género se sucedam?

Que não vê que as escolas perderão a sua identidade e cultura próprias, que tão custosas foram de conseguir?

Que a identidade de uma escola não é um valor despiciendo já que agrega esforços, vontades e promove a obtenção de resultados vários, que não apenas académicos?

Que uma escola sem cultura própria e sem identidade se torna fria e indiferenciada, apenas mais uma?

Que se recusa a admitir a perspectiva, garantida, de um ataque aos direitos dos profissionais – docentes e não docentes – que, de forma abnegada, têm trabalhado neste Agrupamento?

Também se ganha, sejamos justos: ganha-se em burocracia, formalismos, patamares de espera e atrasos e adiamentos na resolução dos problemas.

É com esta “navegação à vista”, ao sabor de ventos e marés, que não define um rumo certo, que legisla a um ritmo frenético, que se contraria e se contradiz, que diz hoje uma coisa e amanhã o seu contrário, que temos de conviver!

Uma última palavra para a forma como o nosso Agrupamento tomou conhecimento das decisões: vários dias depois dos factos consumados, através de um simples e seco telefonema. Como seria se não tivéssemos uma Equipa de Apoio às Escolas a menos de quinhentos metros da Escola Sede?

Não poderia, nunca, este Conselho Geral – com o seu silêncio – ser conivente com uma decisão que repudiamos!

Face a todos estes argumentos, e outros que poderiam ser aduzidos, exigimos a revogação desta medida.

Arco de Baúlhe, 25 de Junho de 2010