domingo, 25 de julho de 2010

Alberto Manguel: «Estamos a destruir o valor do acto intelectual»

Ensaísta, escritor de ficção — mas talvez, acima de tudo, leitor. Instalou a sua magnífica biblioteca pessoal num presbitério medieval francês, onde reside. De passagem por Lisboa, Alberto Manguel falou com o Ípsilon

Os livros e a leitura sempre nortearam — e ainda norteiam — a vida de Alberto Manguel. Aprendeu a ler por volta dos três anos e nunca mais parou. Quando era adolescente, leu em voz alta, durante vários anos, para Jorge Luis Borges, que tinha ficado cego. Mais tarde, começou a escrever sobre livros, leituras e leitores — e o seu “Uma História da Leitura” (publicado em Portugal em 1999 pela Presença) tornou-se um best-seller mundial.

Nasceu em Buenos Aires em 1948, criou-se em Israel, fez o liceu na Argentina, viveu em sítios longínquos como Taiti. Nos anos 1980 mudou-se para Toronto, no Canadá, e tornou-se cidadão canadiano. De há 10 anos para cá, vive no Sul de França.

As suas primeiras línguas foram o inglês e o alemão e só mais tarde viria o espanhol, explicou Manguel em Lisboa, durante uma conversa pública na semana passada com Francisco José Viegas, no âmbito do Festival Silêncio. “Os meus pais quiseram que eu tivesse uma aia checa de língua alemã que me falasse inglês. Eles, por seu lado, falavam espanhol e francês — o que significa que eu não falei com os meus pais até aos oito anos...” Sentido de humor e simpatia irresistíveis. O eclectismo de Manguel não se limita à geografia e à linguística. Eterno leitor de Homero ou Dante, adora novelas policiais e ficção científica e não alinha nas modas nem nos cânones estabelecidos. “Há grandes obras, que reconheço que são grandes obras, mas que a mim não me interessam.”

 PÚBLICO

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