domingo, 25 de julho de 2010

Guerra entre editores e agente literário

Mercado editorial

Editores em guerra com o agente literário mais famoso do mundo

24.07.2010 - 11:25 Por Isabel Coutinho

Começou uma guerra entre a editora norte-americana Random House e a mais famosa agência literária, a agência de Andrew Wylie, conhecido no meio como o Chacal, por causa de direitos digitais de autores e edição de e-books de fundo de catálogo.

Tudo isto porque Andrew Wylie entrou no mundo da edição digital através de uma nova empresa, a Odyssey Editions, e fez acordos exclusivos para venda de e-books com a Amazon. O agente literário irá publicar exclusivamente no formato digital para o Kindle 20 títulos antigos, de fundo de catálogo, de uma série de autores importantes que ele representa. Entre eles estão Philip Roth (O Complexo de Portnoy), Orhan Pamuk (A Cidadela Branca), Salman Rushdie (Filhos da Meia-Noite), Martin Amis (London Fields), Jorge Luis Borges (Ficções), John Updike (a trilogia do Coelho), Ralph Ellison, Hunter S. Thompson e Nabokov (Lolita).

As obras ficarão à venda exclusivamente na loja Kindle, da Amazon norte-americana, durante dois anos a 9,99 dólares (o preço normal seria 15). A Random House tinha enviado à Amazon uma carta a contestar o direito de Andrey Wylie poder vender estes títulos. Diz que estão sujeitos a contratos activos com a Random House norte-americana.

Através do porta-voz Stuart Applebaum, a Random House veio dizer que passou a olhar para a agência Wylie como “concorrente directo” e que mundialmente não vai fazer “nenhum negócio para língua inglesa com a agência Wylie até que a questão esteja resolvida”. Andrey Wylie, que representa 700 escritores, disse ao The New York Times estar surpreendido com esta decisão e, para já, não quis comentar.

Os editores entendem que detêm os direitos electrónicos destes livros, mas os autores e agentes não concordam. Dizem que como os livros foram publicados antes da era dos e-books, os direitos digitais não fazem parte dos contratos e não foram explicitamente vendidos aos editores. Os autores estão a tentar negociar directamente os direitos digitais, sem passarem por editores tradicionais, para receberem mais dinheiro. É que os editores tradicionais tentam negociar os direitos digitais a 25 por cento e os autores querem 50 por cento.

John Sargent, o CEO do grupo editorial Macmillan, também mostrou a sua discordância. Escreveu no blogue da editora que, se Wylie se quer livrar dos editores como intermediários, está no seu direito, mas confessou estar escandalizado pelo agente ter decidido dar exclusividade dos livros a um único vendedor. “Uma das funções dos editores é chegar ao máximo de leitores que conseguir”, escreveu. Sargent percebe que a Amazon tenha feito tudo para ficar com o exclusivo, mas diz que para os autores, ilustradores, editores e outros livreiros foi um péssimo negócio.

A cadeia de livrarias britânicas Waterstone’s também está desiludida, porque 11 destas primeiras 20 obras que estão agora disponíveis na Amazon podem ser descarregadas de qualquer lugar do mundo, os seus direitos não estão restritos aos Estados Unidos.

PÚBLICO

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