Das 701 escolas encerradas em todo o país — lembro que já é o segundo estrangulamento —, 384 pertencem à DREN, ou seja situam-se no Norte. Aposto que, destas, a esmagadora maioria se situa em Trás-os-Montes, o filho enjeitado desta democracia madrasta. A minha terra há muito que está em alerta vermelho e não há quem lhe deite a mão!
Penso que é mais do que chegada a hora de fazer dobrar os sinos a rebate, não pelo lobo, não pelo fogo, mas pelos desmandos de um Governo em estado de desespero, que não hesita em atirar-se aos mais humildes, aos mais desprotegidos, aos que não têm voz, aos que já vivem mais longe de tudo, mais dispersos, com muito mais dificuldades. Sempre que o Governo faz asneiras, vai às terras do interior arrebanhar o que precisa para as pagar, e sempre com o mesmo cinismo: mais e melhores condições, mais igualdade de oportunidades, mais justiça social… Uma ova, é o que é!!! Se as populações não se erguerem — porque os professores, neste momento, estão demasiado vergados e com as calças na mão —, em Setembro será tarde e em Outubro tarde demais.
Saúdo a posição da Associação de Pais das Escolas de Vidago — avançar com uma providência cautelar para evitar a fusão com a Escola Júlio Martins — e espero que tal atitude seja levada por diante e até às últimas consequências. Espero ainda que esta postura se generalize a outras situações similares, absolutamente inadmissíveis, e também contagie as pequenas populações que, de um momento para o outro, como quem sofre um cataclismo, estão a perder as suas escolas, a sua alma, o seu amanhã. Um dia destes, as aldeias passam a ter tão pouca gente que já não compensa levar até lá a água nem a electricidade. O melhor será ir tudo no bonde!
Quem fala em “melhores condições” ou é cego ou faz de nós cegos! Não duvido que as escolas sejam mais amplas, mas bonitas, mais bem equipadas, blá blá blá… Mas alguém gostaria de ver o seu filho de 6, 7 , 8… anos levantar-se às seis e tal da manhã, para viajar até à escola, enquanto os meninos que vivem pertinho ainda dormem tranquilamente? Alguém imaginou o que é uma criança levantar-se de noite, em pleno Inverno, em plena serra, ao frio, à chuva, sob a neve, para ir para o centro escolar, que fica em cascos de rolha? Alguém imaginou a que horas e como essas crianças vão regressar a casa, após um dia de aulas? É a isto que a senhora ministra chama melhores condições e igualdade de oportunidades? Uma ova!!! Eu posso bem imaginar que esses meninos da montanha se estão borrifando para essas oportunidades, para esse tipo de igualdade e para essas condições.
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