sábado, 8 de agosto de 2009

Portugal com menos vontade de rir

Raul Solnado morreu este sábado aos 79 anos. O actor estava internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e não resistiu a um quadro de doença cardio-vascular grave.

Aclamado como um dos maiores nomes do humor português, Solnado estreou-se no teatro na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, em 1947. Em 1952 tornou-se actor profissional e um ano depois entra no teatro de revista com a peça “Viva o Luxo”, no Teatro Monumental. O actor não mais parou, tendo participado em diversos filmes, como “Sangue de Toureiro” ou “O Tarzan do Quinto Esquerdo”, nunca esquecendo os palcos do teatro.

Em 1961 interpretou um dos seus sketches mais conhecidos “A Guerra de 1908”, na revista “Bate o pé”, no Teatro Maria Vitória. Solnado ficou ainda associado a um dos programas mais populares da RTP ainda no tempo do Estado Novo. A 24 de Maio de 1969 gravou, juntamente com Fialho Gouveia, também ele já falecido, e Carlos Cruz o primeiro episódio do programa “Zip Zip”. Em Dezembro do mesmo ano, gravou o último episódio de um programa que marcou a “Primavera Marcelista” e provocou alguma polémica. Ainda na década de 60, Solnado criou de raiz e dirigiu o Teatro Villaret.

Seguiram-se peças de teatro e filmes e, em 1977, colocou-se à frente das câmaras para apresentar “A Visita da Cornélia”. “Há Petróleo no Beato” ou “Super Silva” foram outros dos êxitos de Solnado nos palcos em 1981. Ainda no mesmo ano voltou a fazer companhia a Fialho Gouveia e Carlos Cruz na apresentação do programa “O Resto São Cantigas”.

No filme “A Balada da Praia dos Cães”, de José Fonseca e Costa, baseado no livro de José Cardoso Pires, ousou desempenhar um papel dramático. Em 1993 entrou no universo das novelas portuguesas, ao lado de Eunice Muñoz, em “A Banqueira do Povo”.

Após uma pausa de seis anos, volta aos palcos em 2001 para um papel de grande relevo na peça “O Magnífico Reitor” de Freitas do Amaral. Recebeu nesse ano o Prémio Carreira Luiz Vaz de Camões. No ano seguinte, Solnado foi homenageado com a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa e recebeu, a 10 de Junho de 2004, a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, entregue pelo Presidente da República Jorge Sampaio.

Nascido a 19 de Outubro de 1929, Raul Augusto Almeida Solnado morreu aos 79 anos quando se preparava para voltar à televisão, num programa que a RTP pretendia exibir ainda este ano. Era ainda Director da Casa do Artista, sociedade que dá apoio aos artistas, que fundou juntamente com Armando Cortez, também ele já falecido, entre outros.


Mais…

Correio da Manhã


Comentário:

Raul Solnado era um artista de corpo inteiro. Quer no teatro, quer na televisão deu mostras de todo o seu profissionalismo. Era um humorista de eleição, que fazia rir espontaneamente aqueles que ouviam as suas rábulas.

Tive o privilégio de conhecer pessoalmente Raul Solnado e de verificar como soltava piadas com uma facilidade incrível, mesmo de improviso.

As televisões não aproveitaram cabalmente aquilo que ele tinha para dar. E foi uma pena. Durante muitos anos fomos mais felizes com as piadas de Raul Solnado. Agora ao País fica com menos vontade de rir, pois perdeu, na minha opinião, o seu maior humorista.

Para saber mais:

PÚBLICO

Jornal de Notícias

Diário de Notícias

Expresso

Sol

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