Expectativas baixas
O programa do PS e as listas do PSD tiraram-nos o direito a ter ilusões. Com o seu programa, o PS demonstrou ter desistido de pensar. Perante a maior crise em 80 anos, agarrou-se à receita que nos trouxe até aqui: o Estado dirigente e condicionador, absorvendo recursos.
Nas listas, o PSD deu outra prova do facciosismo que o tem limitado desde o último governo de Cavaco Silva. A exclusão de Passos Coelho é uma história de pequeno partido leninista, digna do PCP ou do BE. No PSD, “renovar” é hoje sinónimo de desenterrar múmias no cemitério dos seus governos passados. O PSD tornou-se um partido fechado à sociedade ─ o contrário do partido de Sá Carneiro, que em 1979 soube atrair gente da esquerda e da direita independente. Onde estão os equivalentes de Vítor Cunha Rego ou José Miguel Júdice? Segundo a inexorável lei camoniana, lideranças fracas fizeram fraco um partido forte. O PSD ainda pode ganhar eleições, mas já perdeu o país.
Com as ideias do PS e a selecção de pessoal do PSD não iremos longe. Nunca teremos uma economia competitiva, enquanto os empreendimentos forem decididos por uns quantos políticos em conluio com empresários e gestores amigos. Nunca teremos uma democracia consequente, enquanto a política estiver estrangulada por cliques sectárias. É tempo de baixar as expectativas.
Rui Ramos, Historiador
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