Ministério da Educação acaba com a Escola Móvel
10.08.2010 - 08:40 Por Bárbara Wong
Projecto de ensino à distância pensado para filhos de profissionais itinerantes é caro.
O Ministério da Educação (ME) decidiu fechar a Escola Móvel (EM). O projecto foi criado em 2005/2006, a pensar nos filhos de profissionais itinerantes, do circo e das feiras, que nunca estão muito tempo no mesmo sítio, não podendo frequentar a mesma escola todo o ano lectivo.
Mas a solução da tutela é precisamente essa: os alunos regressarem “às escolas em que estavam matriculados inicialmente”. “O ME irá reconfigurar a resposta educativa articulando sistematicamente com as escolas de acolhimento dos alunos itinerantes, com apoio de uma pequena equipa da Direcção de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC)”, informa.
Ontem, uma dezena de pais e alunos telefonaram para a tutela e enviaram e-mails a pedir esclarecimentos e uma reunião com Isabel Alçada para falar da bondade da EM e do direito dos seus filhos à educação.
Segundo alguns professores, a informação foi dada oralmente, na sexta-feira, pela directora-geral da DGIDC, Alexandra Marques, na ausência da directora da EM, Luísa Ucha. Ao corpo docente, que tinha sido reduzido de 34 para 28, foi comunicado que terá que voltar às escolas de origem.
Os alunos — 110 estudantes dos 2.º, 3.º ciclos e secundário, e mães adolescentes da Ajuda de Mãe — e os encarregados de educação têm sido informados por telemóvel e e-mail, informa Alcídia Costa, profissional itinerante.
O custo do projecto, que tem sido divulgado no estrangeiro como uma boa prática, foi a justificação adiantada por Alexandra Marques, informa uma docente que não quer ser identificada. A um mês de as aulas começarem, os alunos não sabem o que fazer. Liliana Paiva, no 11.º ano, vai ficar com o curso de técnico de comunicação “pendurado”. “Como não tenho possibilidades de ir para uma escola normal, fico apenas com o 9.º ano feito, embora fosse para o 12.º ano”, diz. “Sei que a EM é um investimento muito caro mas era a única oportunidade que teria de conseguir um curso. Sou feirante porque sou filha de feirantes, mas não quero esse futuro, quero ter uma vida mais estável, e sem a EM nunca vou conseguir realizar esse sonho”, lamenta.
“A EM tem sido a única possibilidade para os meus filhos terem a sua própria escola, sem estarem sempre a mudar e sem sentirem que não pertencem a lado nenhum”, escrevem os pais em carta enviada à ministra, Presidente da República, grupos parlamentares e outras entidades.
A EM funciona pelo computador, com horários, trabalhos e exames.
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