A única forma de travar os incêndios
O comandante Gil Martins, da Protecção Civil, afirmou no domingo que “97 por cento dos incêndios têm origem humana”. A maioria, garante, deflagra à noite, para dificultar a mobilização de meios por parte dos bombeiros. A Polícia Judiciária, pelo contrário, desmente que assim seja. E aponta a “falta de ordenamento e limpeza das florestas, as temperaturas muito altas e a negligência humana” como as principais causas dos incêndios.
Para quem vê as suas árvores, casas ou armazéns reduzidos a cinzas, pouco importa de que lado está a razão. No entanto, é impossível ficar indiferente a esta divergência, de tão vincada que é e por ser assumida publicamente por quadros superiores de duas instituições que estão juntas na prevenção e no combate aos incêndios. Pode não prejudicar, mas opiniões tão antagónicas sobre um fenómeno como este não podem ajudar a encontrar uma tendência, de forma a agir eficazmente para impedir o País de arder.
Haverá de tudo. No caso dos incendiários, resta-nos confiar em quem investiga e acreditar que populações, bombeiros e protecção civil estão despertas para detectar comportamentos estranhos. Mas já no que diz respeito à limpeza dos terrenos — públicos e privados —, as palavras ditas enquanto as chamas alastram são mera demagogia. Venham elas de políticos, comandantes, bombeiros ou populares, porque todos eles partilham a responsabilidade de fazer aquilo que todos se queixam de não estar feito. A exigência e o rigor na manutenção da florestas e dos terrenos circundantes é a única esperança para um flagelo que já tanto roubou a Portugal e ameaça continuar a roubar. Pelo menos, enquanto houver árvores para arder. Ao Governo, exige-se que legisle com firmeza, à Justiça que seja severa com os infractores, e aos que estão no terreno —autoridades e populações —, que denunciem a não manutenção das matas com a estridência com que lamentam o flagelo do fogo.
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