10 Janeiro 2011 | 11:47
Fernando Sobral — fsobral@negocios.pt
Benjamin Disraeli disse, um dia: “Há três espécies de mentiras. Mentiras, mentiras políticas e estatísticas.” Portugal tem testado, neste regime, todas as formas de iludir a verdade.
A verdade, neste País, é um larápio em fuga perseguido por Sherlock Holmes. Não admira que Portugal seja um labirinto onde se escondem todas as verdades e mentiras do BPN, do BPP, do Freeport, das sucatas, da TVI ou do Taguspark. A mentira sempre esteve infiltrada no labirinto da política. Mas aqui conseguiu-se algo sublime: a verdade está esvaziada de sentido. E ninguém se importa com isso. Porque em Portugal vende-se paciência como fármaco legal. E é por isso que a sociedade civil está cloroformizada. Fala-se do BPN e Cavaco esquiva-se. Fala-se de publicidade paga pelo BPP e Alegre diz que era um texto literário. Pergunta-se como Rui Pereira acordou com os EUA a cedência dos dados do BI dos nossos cidadãos, e não fala, não se demite nem é demitido. Interroga-se a razão por que o PSD indica para uma comissão de análise das contas públicas quem esteve distraído durante 10 anos no BPP. A extinção da seriedade foi uma estratégia vencedora em Portugal. Mas isso foi apenas a consequência da pobreza de ideias (como se pode ver nesta campanha) que ciranda na elite nacional. Portugal vive da conciliação de interesses. Foi por isso que ter ideias próprias caiu em desuso. O resultado, estamos a pagá-lo. Não é por acaso que o BPN se tornou o tema desta campanha. As ideias estão em último lugar na cadeia alimentar nacional. A intriga substituiu a filosofia. A pobreza de Portugal é essa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário