terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Governo joga ao ataque contra Cavaco

Dirigentes do PS acreditam em reeleição à primeira volta

Governo vai avisar Cavaco de que não aceitará ingerências no futuro

18.01.2011 — 07:29 Por Maria José Oliveira, Nuno Simas

Antecipando a reeleição do Presidente, o Executivo avisa que não vacilará perante intervenções excessivas. Cavaco sacode a pressão.

Jogar no futuro é a estratégia. O diálogo dos últimos dias entre Cavaco Silva, candidato e Presidente, e o Governo demonstra que ambos estão a mostrar os músculos e a definir atempadamente regras para a futura relação institucional. Dirigentes nacionais do PS ouvidos pelo PÚBLICO dizem que na última semana de campanha as participações de membros do Governo em acções da candidatura de Manuel Alegre servirão sobretudo para enviar recados a Cavaco, que acreditam poder ser reeleito à primeira volta, como apontam as sondagens.

A dramatização de algumas intervenções — exemplificada no discurso de Santos Silva, anteontem à noite em Matosinhos, quando notou que um Presidente “não se deve meter onde não é chamado”, nem “definir os rumos das políticas públicas” — tem o propósito de, antecipadamente, estabelecer parâmetros para a relação Governo/Belém no segundo mandato de Cavaco. A mensagem central do Executivo consiste em esclarecer que não estará disposto a aceitar futuras intervenções excessivas de Cavaco. Que, note-se, ripostou ontem às afirmações de Santos Silva ao reiterar que se for eleito exercerá uma “magistratura activa” para encaminhar o país para “o rumo certo”. Um Presidente “não governa, não legisla”, embora possa “apontar caminhos estratégicos, grandes linhas de orientação”, disse. Prevenindo eventuais efeitos da “magistratura activa”, São Bento parece estar apostado em mostrar que não vacilará ao primeiro golpe de Belém.

Na candidatura de Cavaco, os ataques do Governo são interpretados como uma forma de tentar condicionar o segundo mandato presidencial. Daí que a resposta mais dura do candidato tenha sido planeada para sacudir essa pressão, traçar fronteiras e deixar claro que há áreas em que discorda do Executivo. “É uma acção preventiva”, na expressão de um colaborador do Presidente ao PÚBLICO. A área económica e os atrasos na resposta à crise são campos em que é clara a diferença.

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PÚBLICO

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