Estudo defende que Novas Oportunidades estão a trazer mais saber para as famílias
14.01.2011 — 19:59 Por Lusa, Clara Viana
Mais confiantes e com maior capacidade de comunicação. Estas são as principais mudanças sentidas por adultos que concluíram o processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), uma das principais vertentes do programa Novas Oportunidades. A constatação está patente num estudo que será hoje apresentado em Coimbra.
Foram inquiridos 358 adultos que ficaram com a equivalência ao 9.º ano. A maioria concluiu aquela formação em seis meses. Cerca de 83 por cento dão como certo que este processo provocou uma série de alterações das quais destacam um aumento da auto-estima, um maior sentimento de realização e valorização pessoal e uma melhoria da capacidade de comunicação e de relação com outros. “Antigamente sentia-me inferiorizada por não ter estudos, agora não... agora não me sinto inferior a ninguém”, resume uma das entrevistadas para o estudo desenvolvido pela Escola Superior de Educação de Coimbra (ESCE) e apoiado pela Agência Nacional de Qualificações, responsável pela iniciativa Novas Oportunidades.
Coordenado por Lucília Salgado, professora da ESEC, este projecto tentou identificar em que medida esta experiência dos adultos poderá ter um impacto no percurso escolar dos seus filhos.
Estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) têm apontado Portugal como um dos países onde o nível educativo dos pais mais determina o destino escolar dos filhos. Os resultados dos inquéritos a adultos envolvidos nos processos RVCC e aos professores dos seus filhos mostram que se estará “perante um processo de mudança na educação em Portugal que vai para além do aumento das qualificações escolares dos adultos, tocando estruturalmente o rendimento escolar e a formação das crianças”, frisam os autores do estudo.
Nos processos de RVCC — que já foram procurados por mais de um milhão de portugueses — valorizam-se os conhecimentos adquiridos ao longo da vida por via de um balanço de competências e de uma abordagem autobiográfica. No final, e dependendo do ponto de partida, obtém-se a equivalência ao 4.º, 6.º, 9.º ou 12.º ano de escolaridade. A maior parte do trabalho individual é feito em casa. Em muitos casos, para os filhos esta visão dos pais constitui uma estreia que poderá reforçar o seu próprio empenho na escola.
Na base está, frisa-se, uma valorização do saber. Em Portugal cerca de 80 por cento da população não concluiu o ensino secundário.
Sessenta por cento dos inquiridos disseram que decidiram iniciar um processo de RVCC porque tinham “vontade de aumentar os seus conhecimentos”. Entre as principais capacidades adquiridas depois da conclusão apontam o trabalho nos computadores, pesquisa na Internet, as competências na leitura e na escrita. Setenta por cento dos inquiridos referem que após o processo RVCC dão uma maior valorização às práticas da leitura e da escrita e cerca de 48 por cento dos inquiridos consideram que passaram a poder acompanhar mais os filhos nos estudos.
A esmagadora maioria afirma-se mais confiante nas suas capacidades e competências para alcançar objectivos profissionais e mais de metade dizem não querer ficar por aqui. Objectivo: continuar o processo de aprendizagem. O que foi resumido assim por uma das entrevistadas: “Acho que cada vez faz mais falta estudar e seguir em frente e tirar o 12.º ano, ir para um curso superior e nunca parar. Acho que é bom, isto está sempre a evoluir no mundo e estamos sempre a aprender coisas novas.”
Entre os inquiridos 19 por cento já o tinham concretizado. No ano passado estavam a concluir o processo que lhes dará equivalência ao 12.º ano.
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