Há século e meio um dos banqueiros Rothschild dizia, a quem o queria ouvir, que as nossas obrigações eram “shit”.
Mais cordata, e com uma enorme folha de empréstimos a Portugal, a família Baring lembrava que pagávamos sempre tarde, mas pagávamos. 150 anos depois estamos mais ou menos no mesmo lugar. É certo que os tempos são outros e os mercados não têm uma face visível, como no tempo em que o Barings era o principal credor do sítio. Os mercados são fantasmas que assombram os incautos. Fazem “buuu!!!” e todos se arrepiam. Com os juros da dívida a aproximarem-se dos 7% já ninguém duvida que não vem aí o 7.º de Cavalaria do general Custer: à nossa porta estão os blindados do FMI. Ninguém vive a pagar juros de 7%, a menos que utilize um cartão de crédito para pagar a dívida do outro cartão. Há quem diga que há o perigo de Portugal falir. Não parece o caso. Um credor não quer que um devedor fique sem dinheiro para pagar o que lhe deve. O que deseja é fazer a pressão máxima para conseguir o melhor reembolso possível, com os juros máximos. Os célebres mercados não querem estrangular Portugal. Querem é comer-nos a carne. Com ossos não se faz “nouvelle cuisine” financeira. É claro que escusamos de nos queixar. Não são os mercados os vampiros de Portugal. São as nossas elites políticas que sempre se salvaram no meio da pobreza generalizada gerada pelas suas actividades de rapina em proveito próprio. Portugal não irá à falência. A Alemanha ainda precisa de nós, dos gregos, dos espanhóis e dos irlandeses para vender coisas. E os mercados precisam de quem pague juros estratosféricos.
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