quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Carrilho: “Sem ruptura política, Portugal não sai da crise”

O antigo ministro da Cultura diz que a crise que vivemos hoje é uma crise de confiança nos representantes e nas instituições.

Manuel Maria Carrilho escreve hoje no Diário de Notícias que “a crise que vivemos hoje é fundamentalmente política. E sem ruptura política não se sairá dela”.

Para Carrilho, “o que hoje anima a democracia portuguesa nas suas mais diversas expressões é o ‘pathos’ da desconfiança e da suspeita, com todas as consequências que isso implica”.

A crise que Portugal atravessa “não se resolve com um governo entrincheirado e com uma administração cada vez mais atordoada e caótica, a viver num prolongado clima eleitoral que já se arrasta desde a Primavera de 2009 e que não se vislumbra quando terminará”, adverte.

“Os líderes políticos que pensam que, porque ganham eleições, representam toda a sociedade e têm um mandato que podem executar de qualquer modo vivem num mundo que já desapareceu há muito, e acabam, mais tarde ou mais cedo, por pagar duramente essa ilusão”, sublinha, advertindo para a “necessidade de se compreender que liderar não é, de todo, impor-se à sociedade”.

Até porque “liderar é compreender, explicar e convencer", diz Carrilho, citando Nelson Mandela quando, no seu recente Arquivo Íntimo, escreve que “é um erro grave para qualquer líder ser excessivamente sensível às críticas, conduzir discussões como se fosse um professor a falar para alunos menos informados e inexperientes. Um líder deve incentivar e acolher um intercâmbio de pontos de vista livre e sem restrições”.

E deixa um recado:”Portugal precisa de um governo empenhado. E empenhado em todas as áreas da governação, capaz de aglutinar as ideias e as forças que consigam contribuir para elaborar um plano contra o cerco em que vivemos”, conclui.

Diário Económico

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