«O ambiente nas escolas anda pidesco, tresanda tanto a servilismo e a “espiolhagem”, que até enoja e enjoa. A palavra “democracia” já muito pouco ou nada significa entre docentes: a voz que decide é cada vez mais grave, mais distante, mais imperativa e mais invisível; os olhos que vêem são cada vez mais… paredes. A avaliação tornou-se uma mania, uma obsessão incontrolável, não ao serviço da pedagogia, mas, como uma garra, um garrote, ao serviço do novo monolitismo paradoxalmente totalitário e serviçal: totalitário para baixo, baboso e serviçal para cima. Toda esta nova ordem, neurótica e alienante, estúpida e estupidificante, está a produzir autênticos arranha-céus de papel, que são torres de Babel nas escolas. Em muitos casos, já ninguém sabe exactamente para que serve aquela desgraçada folha, aquela desgraçada grelha, aquele desgraçado projecto, aquela desgraçada reunião… As escolas tornaram-se as piores inimigas delas mesmas, inimigas do ambiente, inimigas do orçamento do Estado. Os professores, engolidos por esta voragem, vão despachando, em horário de expediente, fora dele e pelo caminho.»
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
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