O espectáculo da incerteza da aprovação do Orçamento do Estado para 2011 parece ter chegado ao fim. Estranhamente, a certeza da aprovação do mesmo parece não ter acalmado os mercados financeiros. No dia em que escrevo (01/11/2011) foi divulgada a subida da taxa dos juros da dívida pública… Ora isto contraria o que o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, tinha andado a dizer. O que este governante deixava subentendido era que a indefinição do PSD causaria mais problemas. Aqui chegados, verificamos que isso não corresponde à verdade.
O Orçamento para 2011 é reconhecidamente mau. Então por que estão todos (Governo e Oposição) empenhados em aprová-lo? Aqui é que está um mistério!...
Não deixa de causar preocupação a observação de Pedro Passos Coelho na sua página no Facebook: «O pior ainda está para vir.» Todos temos dado conta das medidas duríssimas que este Governo tem colocado em prática, à procura de receitas a curto prazo para a gestão do País. Estranho no meio de tudo isto é que há poucos meses os governantes garantiam estar tudo sobre controlo e que não seriam necessárias medidas adicionais. Como diz o Povo, «a mentira tem perna curta» e como agora damos conta, o cenário panglossiano só existia na cabeça destes governantes, que, tal como um médico sem coragem, vai adiando o anúncio da verdade ao doente, até não ser mais possível escondê-la.
Nesta altura, julgo que ninguém terá dúvidas de que a situação é mesmo grave e que só um milagre nos livrará da intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI). Pelo menos nessa altura teremos a certeza de que as medidas que serão impostas terão o objectivo de equilibrar as finanças públicas e de que não haverá desvios em relação a esse objectivo.
A situação a que chegámos não aconteceu de repente. Há anos que as pessoas mais bem informadas iam avisando de que pagaríamos com língua de palmo o descontrolo dos gastos do Estado. Mas ninguém pareceu preocupar-se com a situação. Enquanto há dinheiro para festas, todos reinam. O problema é que agora até escasseia o dinheiro para pão…
A União Europeia não está isenta de culpas nesta situação, pois não efectuou o necessário controlo das contas públicas, tendo até autorizado o aumento do défice e a ultrapassem do limite a que os países estão obrigados.
Aqui chegados, não resolveremos nada a apontar o dedo aos culpados. O que é preciso é governantes que exerçam a sua função sem precisar de agências internacionais a cuidar da sua imagem, o que estes já provaram não serem capazes de fazer.
Depois de tantas dificuldades já sentidas agora e as que vêm a caminho com a aproximação do próximo ano, só nos faltava a Constituição da República não permitir a realização de eleições nos próximos meses!... O Governo é mau? É, sim senhor! Mas teremos de o aguentar para mal dos nossos pecados! Até quando?
O partido que ganhou as últimas eleições — o Partido Socialista —, embora não tenha a maioria, mantém vícios aprendidos no mandato anterior, nomeadamente os tiques de autoritarismo. Onde é que já se viu um partido minoritário governar a seu bel-prazer? Talvez num país do terceiro Mundo!...Nunca num país do chamado Mundo desenvolvido.
Andámos anos a fio distraídos com a classe política. Agora não podemos mais fingir que está tudo bem. Assumamos também as nossas responsabilidades! Doravante teremos de ser mais activos e estar mais atentos ao que se passa à nossa volta. Não nos esqueçamos desta verdade: o voto é a arma do Povo…
Nota: Este texto de opinião foi publicado hoje
na secção «Opinião Demarcada»
do jornal «O BASTO»
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