quinta-feira, 2 de setembro de 2010

OPINIÃO > Luís Costa: «Amores de Gesso»

Estes dois mandatos de José Sócrates — Lurdes Rodrigues e Isabel Vilar — ficarão para a História associados ao período mais negro da Escola Pública: desautorização, culpabilização, humilhação, funcionalização e empobrecimento do professor (contam-se aos milhares aqueles que preferiram a magra reforma antecipada, para não terem de suportar a antítese do seu sonho); imposição legal do facilitismo e da falta de respeito nas escolas; encerramento de 3200 escolas, acelerando a desertificação do interior e cavando mais desigualdades na nossa sociedade já assimétrica e enviesada; criação estapafúrdia de não sei quantos mega-agrupamentos, em diarreias faseadas para não atolar o país de contestação.

A luta dos professores tem sido constante, mas pouco eficaz: os resultados medem-se não pelo que ganhámos, mas pelo que não perdemos ainda. Esta é que é a verdade crua e nua! E, como sou paladino da frontalidade, acho que devemos assumir a realidade, sem hipocrisias, sem falsas paixões, sem demagogias viscosas, pois esse é o caminho para mais achincalhamentos, para mais subserviência, para mais subjugação. Não suporto aqueles que, depois de tudo isto, ainda vêm para a praça pública dizer que “amam o ensino”, “amam a escola”, amam o… São como aquelas mulheres — vítimas da violência doméstica mais selvática — que, apesar das bofetadas, dos pontapés, dos murros, das ameaças e dos insultos de maridos trogloditas, ainda dizem às amigas que os amam e que até fizeram por merecê-las. Algumas ainda conseguem ir para a cama por prazer, outras apenas por “dever conjugal” (e, embora estúpidas, já são heroínas). E é por estas e por outras que o professor Ferreira Patrício diz o seguinte:

«A imagem do professor foi gradual e aceleradamente abandalhada. Ele foi nisso e deixou-se abandalhar e até se foi abandalhando a si próprio. Foi proletarizado e deixou-se proletarizar. Agora, só com uma revolução. Para o pôr no seu lugar. Que tem de ser o lugar da sua dignidade, de que todos precisamos.»

Se quiserem continuar nesta gosma hipócrita e suicidária, não contem comigo!

Luís Costa

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