O Novelo de Isabel
Tenho cada vez menos pachorra para ouvir Isabel Vilar na televisão. No início do seu mandato, comecei por ficar “plasmado” quando a via no ecrã a prestar declarações à comunicação social. Agora, sinto-me como quando estou num pesadelo e não consigo correr. É uma tortura tentar perceber o que realmente diz, quanto mais o que quer dizer. Então quando fala das condições que existem nos centros escolares e não existem nas pequenas escolas e tenta, num discurso completamente espiralado, justificar a construção de uns e o encerramento de outras… vou aos arames farpados.
Tentar encontrar o fio condutor do discurso da nossa ministra da Educação é como dobar um novelo de lã todo emaranhado. Quando pensamos ter conseguido, finalmente, ultrapassar o último imbróglio semântico, eis que uma — mais uma — redundância, uma súbita elipse, um anacoluto… vêm sobre nós com o impacto de um valente murro cerebral. Em desespero, tentamos fugir para outros canais, ver outras notícias, mas aqueles, tão concertados como uma orquestra, não só nos dão as mesmas notícias como as dão à mesma hora, em simultâneo. Com um pouco de azar, ainda acabamos por cair nas espirais de Isabel Vilar mais duas, três, quatro ou cinco vezes, como quem se afoga num remoinho.
Acho que as pessoas das aldeias — avós, pais e crianças —, que vão perder as suas escolas, que vão ficar mais longe do mundo, merecem que alguém lhes explique, honestamente, a razão de tantos sacrifícios e de tamanhas desigualdades. A gente pequena, que vai perder as suas pequenas escolas e as suas pequenas esperanças, merece que lhe expliquem por que carga de água só é possível haver boas condições se o dinheiro for gasto nos mamutes escolares. Essa gente merece um ministro da Educação que seja capaz de pensar e explicar as suas reformas. Portugal merece melhor!
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