Adriana Campos| 2010-09-15
Como todos sabemos, na maioria das vezes, os testes apenas nos dizem se o aluno foi capaz de assimilar uma determinada matéria, o que, numa sociedade que exige criatividade, flexibilidade e capacidade de aprendizagem e actualização constante, é claramente insuficiente.
“Afinal o que é ser bom aluno, no início do século XXI? Será que significa apenas ter “Bom” ou “Muito Bom” nos testes? Mas que testes são esses e o que avaliam? Apenas respostas do tipo “chapa três” que demonstram que o aluno memorizou a matéria transmitida pelo professor? Ou será que também avaliam a competência revelada para pesquisar, seleccionar e organizar a informação? Será que pode continuar a conotar-se um bom aluno com aquele que é capaz de reter a informação transmitida pelo professor? Ou será que tem de se estender o conceito de bom aluno àquele que, além de dominar os saberes de referência, possui as ferramentas necessárias para aceder ao conhecimento?”
Revista Pais e Filhos. Número 152. “O que é preciso
para ser um bom aluno?”. Elsa de Barros
Actualmente, para se ser bom aluno não chega tirar boas notas nos testes. Não pretendo, com esta afirmação, desvalorizar os resultados obtidos pelos alunos nas provas escritas, dado que estes dão pistas importantes ao professor, aos pais e ao aluno, relativamente à forma como está a desenrolar-se a aprendizagem. No entanto, os testes têm limitações claras, pois há competências que eles não podem avaliar e que, actualmente, são de extraordinária importância. Como todos sabemos, na maioria das vezes, os testes apenas nos dizem se o aluno foi capaz de assimilar uma determinada matéria, o que, numa sociedade que exige criatividade, flexibilidade e capacidade de aprendizagem e actualização constante, é claramente insuficiente. O aluno pode ter uma memória de elefante e conseguir memorizar tudo aquilo que o professor diz e, apesar disso pode não ter capacidade de aceder às variadas fontes de informação e nelas separar o “trigo do joio”, o que, nos dias que correm, é indispensável.
Não há dúvida de que as descobertas científicas e os avanços tecnológicos são tão vastos que é impossível transmiti-los na íntegra aos alunos, até porque o que hoje é verdade amanhã já não é, tornando-se o conhecimento rapidamente obsoleto. Esta realidade coloca grandes desafios à escola, dado que esta, para além de ter de ajudar o aluno a dominar determinados saberes de referência, tem também de ensinar os processos de acesso, organização e transferência do conhecimento. Tal como o Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI refere “não basta, de facto, que cada um acumule no começo da vida uma determinada quantidade de conhecimentos de que possa abastecer-se indefinidamente. É, antes necessário estar à altura de aproveitar e explorar, do começo ao fim da vida, todas as ocasiões de actualizar, aprofundar e enriquecer estes primeiros conhecimentos, e de se adaptar a um mundo em mudança.” Para que isto possa acontecer, é fundamental que, na escola, os alunos aprendam estratégias metacognitivas para que possam construir o seu próprio conhecimento. Concretizando, quando o professor de Ciências expõe informação sobre o sistema digestivo, deve, paralelamente, ensinar os alunos a elaborar esquemas sobre o assunto e a sublinhar a informação mais importante.
Parafraseando a autora a que fiz referência no início deste artigo “(...), para que uma criança ou jovem possa ser considerado bom aluno, já não basta que possua os conhecimentos básicos. No início do século XXI, torna-se fundamental que, além destes, também domine os processos de acesso ao conhecimento”.
► Educare
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