A redução do número de chumbos e de desistências revelada pelas estatísticas do Ministério da Educação é uma boa notícia. Mas os números dos chumbos significam pouco. Se forem o resultado da baixa exigência ou das ordens administrativas que tornam persona non grata qualquer professor que insista em reter alunos, pela simples razão de o estudante não ter aprendido, não passam de uma mentira maquilhada. Apesar das boas intenções da ministra e do esforço de milhares de docentes dedicadose competentes, há na prática uma orientação na escola pública para a diminuição dos níveis de exigência. Há perigo deste esforço de inclusão realizado pelo lado do facilitismo só contribuir para a melhoria estatística aparente e resultar na formação de numerosos exércitos de analfabetos funcionais. Como o capital humano é cada vez mais o elemento decisivo na competitividade das economias, este facilitismo também provocará empobrecimento futuro do País. A escola foi no século XX o principal factor de mobilidade social. Casos como os do actual Presidente da República e de muitas outras pessoas que agora são médicos excepcionais, engenheiros de gabarito, ilustres juristas, etc, só foram possíveis porque andaram numa escola pública exigente, que reconhecia o mérito.
Armando Esteves Pereira (Director-Adjunto)Correio da Manhã 10 de Setembro de 2008
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