Ensinar é intrinsecamente difícil. Até os docentes mais experientes necessitam de ajuda. Os professores mais novos terão muito a dar aos mais experimentados, devido à sua formação recente, ao seu conhecimento disciplinar adquirido na universidade e à sua vontade de fazer experiências nas condições adequadas. Também precisamos de ter muito cuidado para não nos aproveitarmos dos docentes mais jovens e da sua energia aparentemente inesgotável, sobrecarregando-os com responsabilidades extracurriculares e atribuindo-lhes as piores turmas, pois esta é uma via segura para o esgotamento precoce.
Uma segunda forma pela qual as reformas menosprezam, frequentemente, a vida, os interesses e os antecedentes pessoais dos educadores refere-se às nossas expectativas de mudança e de empenhamento. Apesar de o ensino ser uma actividade muito importante, a vida não é só a escola: as responsabilidades e os interesses exteriores ao ensino também precisam de ser reconhecidos. No nosso entusiasmo para cada vez mais envolver o pessoal docente na vida da escola e para o implicar na mudança que ocorre no seu interior, não devemos esquecer os outros apelos legítimos, relativos ao seu tempo e aos seus compromissos, que podem muito bem fazer deles pessoas melhores e, a longo prazo, docentes mais eficazes.
Michael Fullan e Andy Hargreaves, Por que é que vale a pena lutar?, Porto Editora, Porto, 2001 (p.58)
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