domingo, 21 de setembro de 2008

«A escola moderna»

Emídio Rangel de vez em quando quer dar um ar da sua graça. Ou melhor: pagam-lhe para debitar louvores à ministra da Educação e ao Governo. Será que pretende tornar-se o António Ferro deste Governo socialista? Tem a promessa de algum cargo em que ganhe muito com pouco trabalho? Uma pessoa que foi destituída de um lugar por ter obtido maus resultados e foi ‘premiado’ com mais dinheiro do que ganham a maior parte dos professores durante toda a vida nem sequer deveria dar palpites sobre aquilo que desconhece ou conhece mal.

O que sabe sobre as Aulas de Substituição? Essa é a maior mistificação dos responsáveis da Educação. Faz-se crer que os alunos aprendem mais, apenas porque ficam na sala de aulas. Mas o que é que isso contribui para a melhoria do insucesso dos alunos? Muito pouco ou nada! Ouça-se a opinião dos alunos e então depois fale-se com conhecimento de causa.

A introdução do inglês no 1.º Ciclo é encarada por Emídio Rangel como propiciadora de uma nova geração de bilingues. Pobre Rangel! Que experiência tem de ensino das línguas? Nos tempos que correm, a maior parte dos alunos tem dificuldades na língua materna e em vez de se investir neste campo, trabalha-se “para inglês ver”. Os alunos vão mostrando cada vez mais relutância em aprender línguas, mas em vez de serem tomadas medidas nos 2.º e 3.º Ciclos, introduz-se o Inglês logo no primeiro Ciclo!…

Talvez já prevejam o futuro, em que as instruções daqueles objectos que utilizarmos no dia-a-dia venham escritas em inglês, por terem sido escritas na Índia... Ou então sejam fabricados na China, mas venham acompanhados por instruções na língua de Shakespeare para disfarçar.

Trezentos mil computadores! Ena, pá! Tanto computador! Como se isso só por si melhorasse alguma coisa nas escolas! Os computadores são bibelôs que efectivamente dão um toque de modernidade às escolas… Mas não esqueçamos que é preciso algum esforço para serem utilizados em tarefas úteis. Porque se forem utilizados só para diversão, é um investimento muito caro. Já agora, aproveito para sublinhar que se nalgumas escolas existe um simples leitor de CD, isso se deve ao empenhamento dos professores de línguas que vão angariando algum dinheiro com algumas actividades e que depois o gastam na aquisição de algumas coisas em falta…

No que diz respeito à Acção Social Escolar, está aberta a porta para que pessoas que ganham muito mais do que um funcionário público possam ser bafejadas pela sorte de ter o escalão máximo. Os profissionais liberais têm aqui uma oportunidade de poupar uns bons cobres… No entanto, não é o Governo que paga estas extravagâncias! Somos nós os que pagamos os impostos que contribuímos à força para esta despudorada campanha eleitoral antecipada.

Afirma Emídio Rangel a determinado passo da sua prosa: «Só por má-fé se pode combater a ministra que fez isto tudo.» Deveria ter acrescentado que aqueles que sofrem as medidas desta ministra têm o direito de as discutir. Digo mais: têm o dever se lhe opor, de modo a salvar as escolas da visão pitosga de tal gente. Quando este Governo entrou em funções, a maioria dos professores que marchou em Lisboa já tinha esta nobre função. E uma grande parte deles continuará a exercer esta profissão quando esta equipa da Educação for apenas uma lembrança má.

Pela minha parte, não me resigno a assistir alegremente à destruição da escola que eu conheci e à transformação dos professores em amanuenses!... Gosto muito de ensinar para perder tempo com outras coisas que não farão de mim um melhor Professor…

Nenhum comentário: