Maioria dá OK à greve mas não tenciona aderir
Pela primeira vez na história da democracia portuguesa, as duas centrais sindicais subscreveram em conjunto um pré-aviso de greve geral. No entanto, a avaliar pelos resultados da sondagem da Universidade Católica para o JN, o DN, a RTP e a Antena 1, a paralisação marcada para o próximo dia 24 poderá não ter uma adesão especialmente elevada.
É certo que quase 60% dos inquiridos manifestam a sua concordância quanto à adopção desta forma de luta. Contudo, este resultado dificilmente se traduzirá na atitude concreta de não ir, nesse dia, trabalhar. Por duas ordens de razões.
Primeiro, porque a convicção maioritária é de que a greve não levará o Governo a alterar as suas posições — só 18% se inclinam para admitir que haja cedências da sua parte. Em segundo lugar, o resultado que realmente importa é susceptível de desanimar qualquer dirigente sindical: nada menos de dois terços dos cidadãos consultados no âmbito do estudo de opinião assegura que não tenciona aderir à paralisação.
A indisponibilidade é, como seria de esperar, menor entre os funcionários públicos — mais directamente atingidos pelas medidas de austeridade e porventura em melhores condições para fazerem greve — do que entre os trabalhadores precários. Mais vulneráveis, só 7% dos que têm esse estatuto garantem que paralisam.
Comentário:
As greves parecem não resultar no nosso País, ao contrário do que acontece noutros países europeus mais desenvolvidos do que o nosso, onde os seus cidadãos têm mais consciência dos seus direitos e deveres e põem a sua dignidade a frente do dinheiro… Aqui parece acontecer o contrário. Estamos sempre à espera que sejam os outros a resolver os nossos problemas!... Não terá sido por acaso que estivemos 60 anos sob domínio espanhol e 48 debaixo de uma ditadura. Nesta altura, vivemos num regime com capa democrática, mas com um Governo a impor as suas ideias e o caminho que deseja, cheio de escolhos, como temos visto…
No que diz respeito aos Professores, sugiro a leitura das palavras de Vergílio Ferreira, ilustre escritor que também desempenhou funções docentes, em “Signo Sinal” (1979):
«— (…) E é pela mesma razão que um professor é mal pago em todo o mundo, foi mal pago em todos os tempos! Já na Suméria ganhavam uma merda. Mas é o que ganham em qualquer país capitalista. É mesmo o traço que resta da dignidade do professor. Se um mestre ganhasse como um industrial, o saber dele tinha preço. Ora o saber não o tem! A César o que é de César, ao Saber o que é do Saber. O dinheiro é por natureza analfabeto. Na Idade Média o bruto nobre assinava de cruz. Não sei se sabe que chegou a haver cónegos analfabetos. Eram os intelectuais degenerados, os que viam o saber com os olhos do ter. Não se trata, portanto, de um professor ser um escravo a quem se dá uma esmola de escravo. Imagine só que todo o professorado fazia greve. Desmoronavam-se os impérios. Mas não faz. Não quer ter muito mais. Quando muito, exige não morrer de fome. No fundo, todo o professor sabe que a sua missão é divina. Deus não come. (…)»
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