Greve é um termo que se usa em português desde o final do terceiro quartel do século XIX. Provém do francês grève ‘terreno de areia e cascalho, situado à beira-mar ou à beira-rio’, com origem no gaulês grava ‘areia, cascalho’. Que ligação existe, então, entre o que hoje entendemos por greve, ‘interrupção voluntária e colectiva da actividade laboral, utilizada pelos trabalhadores para conseguir melhorias das condições de emprego’, e um solo arenoso e cascalhudo? É que, junto ao areal do rio Sena, que atravessa Paris, situa-se uma praça, que tem, hoje em dia, o nome de Place de l'Hôtel-de-Ville, mas conhecida, entre 1260 e 1806, por Place de Grève. Essa praça era, no princípio, o ponto de encontro dos operários desempregados. Nessa altura, faire grève significava ‘agrupar na praça os que não têm trabalho’. Era aí que quem precisava de pessoal para a labuta se dirigia, a fim de negociar as condições e fazer os contratos. No século XIX, passou a ser um local de protesto, pois aí acorriam não só os que não tinham emprego, mas também os que estavam insatisfeitos com a situação laboral e aguardavam novas e melhores propostas dos empregadores, para, só depois, voltarem a desempenhar as suas funções. Quando algum dos trabalhadores não adere à greve, diz-se que furou a greve: é que, em calão académico, fazer parede é, tal como greve, sinónimo de reunir para lutar por um objectivo comum, logo, ‘furá-la’ é não participar.
in As Faces Secretas das Palavras
Fonte: Terrear
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