quarta-feira, 1 de abril de 2009

OPINIÃO > Alberto Gonçalves: «Um alto-forno contra a crise»

Mais uma semana, mais uma promoção do eng. Sócrates a um símbolo da vanguarda tecnológica nacional. Depois do Magalhães, que não era muito nacional, o primeiro-ministro entrou em êxtase com os painéis solares da empresa Energie, sobre os quais consta não serem bem painéis solares (mas um aparelho chamado bomba de calor).

Não importa. Importante é o anúncio imediato de medidas de crédito que facilitam aos portugueses a aquisição dos painéis (ou bombas ). O eng. Sócrates é assim: mal se entusiasma com uma coisa, não descansa até que todos partilhem a descoberta, que considera sempre indispensável ao combate à crise. Se a atitude é de uma generosidade ilimitada, é igualmente de uma candura tocante, dado que o eng. Sócrates se entusiasma com imensas coisas.

Na verdade, não há geringonça “moderna”, dos computadores à “banda larga”, das memórias RAM (da Qimonda) aos geradores eólicos, que não deixe o homem deslumbrado. O eng. Sócrates lembra as historietas de ficção científica em que um sujeito preservado pela criogenia desperta num futuro que lhe é simultaneamente estranho e maravilhoso. Não quero imaginar a reacção dele se um irresponsável qualquer lhe mostrar uma consola a pilhas, um fax ou, sei lá eu, um alto-forno de fundição: ou o eng. Sócrates estoura de pasmo ou estoura o orçamento de Estado em medidas que espalhem a consola, o fax e o alto-fomo por cada agregado familiar.

Também não quero imaginar a reacção dos que, um dia, receberem a factura das medidas. À cautela, enquanto contribuinte, prefiro ser criogenado de facto e agora. Acordem-me quando, e se, isto passar…

Alberto Gonçalves

SÁBADO 26 MARÇO 2009

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