quarta-feira, 22 de abril de 2009

«A escola dos maus alunos»

Regressa ao passado de estudante para reviver os dias difíceis do cábula que não queria aprender e passar despercebido. Cresceu, foi professor, tornou-se escritor. O francês Daniel Pennac escreveu Mágoas da Escola para pôr o dedo em algumas feridas ― suas e da comunidade educativa.

A metáfora sobre o amor no ensino surge no final do livro. Com um aviso no cimo da página. “É verdade, entre nós, é malvisto falar de amor em matéria de ensino. Experimentem e verão. É o mesmo que falar de cordas em casa de um enforcado.” A seguir, centra-se nas andorinhas que entram no quarto e procuram a saída. Há as que encontram o céu à primeira tentativa e as que esbarram contra os vidros das janelas. “Nem sempre se é bem-sucedido, às vezes enganamo-nos no traçado do caminho, há quem não acorde, fique caído no tapete ou parta o pescoço contra o vidro seguinte; esses permanecem na nossa consciência como zonas de remorso onde repousam as andorinhas mortas no nosso jardim, mas pelo menos tentamos, teremos tentado. São os nossos alunos.” “Uma andorinha aturdida é uma andorinha a reanimar.” Ponto final.

Daniel Pennac, autor do livro Mágoas da Escola, foi um mau aluno. E é exactamente deste ponto de vista que remexe nas questões educativas, misturando recordações e reflexões sobre pedagogia. A frustração dos péssimos alunos, a exclusão e o que não resulta no sistema de ensino. O seu livro ganhou o Prémio Renaudot em 2007, está traduzido em 24 países, mais de 800 mil exemplares foram vendidos em França, e acaba de chegar a Portugal numa edição da Porto Editora.

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Fonte: Educare

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