sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

De que depende o sucesso dos alunos?

Sucesso dos alunos depende pouco de quem são os pais

07.01.2011 — 14:30 Por Bárbara Wong

Os filhos dos licenciados têm melhores resultados nos exames do secundário do que os descendentes de famílias só com o ensino básico? Os bons resultados dependem da idade dos estudantes? Sim, mas esses dois factores têm um peso de apenas 30 por cento. Os restantes 70 por cento dependem exclusivamente do trabalho feito pelas escolas.

Quem o diz é Cláudia Sarrico, uma das autoras do estudo Perspectivas Diferentes sobre o Desempenho das Escolas Secundárias Portuguesas, que será hoje apresentado no seminário Economia e Econometria da Educação, promovido pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa (ISEG-UTL).

Existem factores como a idade dos alunos (a investigação aponta que quanto mais velhos chegam ao secundário, piores os seus resultados) ou o meio sócio-económico de origem que a escola “não controla”. “Mas estas variáveis só explicam 30 por cento dos resultados. Por isso, as escolas têm grande margem de manobra”, interpreta Cláudia Sarrico, acrescentando que o que o estudo revela é que há escolas cujos alunos têm bons desempenhos, mas que poderiam ter melhores, são as “escolas à sombra da bananeira”, ou seja, têm resultados académicos acima da média nacional, mas são inferiores ao esperado pelas características da escola e dos alunos. Tal como há outras que estão mal posicionadas em termos de resultados dos exames, que têm alunos de meio sócio-económico mais frágil, mas que têm um desempenho acima do esperado.

Depois, em cada extremo, estão as “escolas de elite”, com resultados e desempenho superior ao esperado; e as “escolas fatalistas” com resultados e desempenhos maus. As denominações foram criadas pelas investigadoras Cláudia Sarrico, da ISEG-UTL, Margarida Fonseca Cardoso, da Universidade do Porto, Maria João Rosa, da Universidade de Aveiro, e Maria de Fátima Pinto, professora na EB 2,3 de Canedo, para um estudo financiado pelo Ministério da Educação (ME) e a Fundação para a Ciência e Tecnologia.

As docentes debruçaram-se sobre os resultados dos exames nacionais do secundário de Português e de Matemática e a taxa de conclusão no 12.º ano dos cursos científico-humanísticos, no ano de 2009/2010. De seguida, cruzaram esses dados com variáveis como a idade dos alunos, a formação académica e profissão dos pais. Tiveram ainda em conta as características das escolas. Para isso, analisaram o número de alunos por turma, percentagem de raparigas (“há mais raparigas a estudar até mais tarde”, explica Sarrico), alunos com apoio social, taxas de progressão e de conclusão do secundário, número de alunos por professor de quadro e a taxa de absentismo dos docentes.

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