Educação
Metas revelam um ‘ensino facilitista’
por ELISABETE SILVA
Professores consideram que nada vai mudar no ensino e criticam falta de rigor
Os professores mostram-se muito críticos quanto às metas de aprendizagem estabelecidas pelo Ministério da Educação. Consideram que pouco ou nada muda na forma de trabalhar nas escolas em Portugal e que o ensino pretendido pelo ministério mostra ser facilitista. Ou seja, acusam a ministra Isabel Alçada de não promover uma educação mais rigorosa e exigente nas escolas.
Paulo Guinote salientou ao DN que a principal alteração acaba por ser as metas terem sido colocadas num site e de estarem mais facilmente acessíveis para consultar, porque de resto não houve alterações. “O que lá está não acrescentou nada ao que já existia. Só quem não conhece a realidade é que pode pensar que há novidades nestas metas de aprendizagem. Só para essas pessoas é que isto poderá ser útil”, afirmou.
O professor explicou que se “o programa curricular do ensino básico não foi alterado, não havia margem de manobra para que as metas de aprendizagem fossem diferentes”. Considera ainda que as metas do Ministério da Educação são “generalistas”.
“Achei divertido alguns dos objectivos que li, como por exemplo o dos blogues. As crianças têm de saber colocar comentários nos blogues, mas não há qualquer referência que esses comentários têm de estar escritos correctamente”, referiu.
Porém, Paulo Guinote acrescentou que compreende que cada vez mais se aposte nas novas tecnologias, mas alerta que é preciso não esquecer como escrever: “Continuamos a ensinar as crianças a escrever cartas, mas claro que agora o mais relevante são as novas tecnologias. No entanto, há que continuar a saber escrever.”
Octávio Gonçalves, professor e dirigente da Promova, considera que as metas de aprendizagem não são mais do que uma “visão facilitista do ensino”. “São uma definição básica e não de um ensino exigente e rigoroso como se pretende”, realçou ao DN.
As metas de aprendizagem acabaram por desiludir os professores que aguardavam com alguma expectativa a divulgação. No entanto, acabaram por confirmar que o facto de não ter quase nada de novo era o mais expectável, mas também não deixou de desiludir, até porque a ministra Isabel Alçada havia feito bastante promoção a este tema.
“Houve muita pompa no anúncio destas metas de aprendizagem, mas, no fundo, o que se verifica é que não são mais que uma ‘flor’ para alcançar os números que o Ministério da Educação pretende”, criticou Paulo Guinote.
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