quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Passos Coelho admite ser necessária «muita paciência» para conversar com o Governo

Entrevista à TVI

Passos Coelho: “O país inteiro sabe quem devia estar a pedir desculpa a Portugal”

20.10.2010 20:57 Por Luciano Alvarez

Pedro Passos Coelho voltou a não deixar claro hoje à noite qual será o voto do PSD ao Orçamento do Estado se o Governo não aceitar as propostas feitas pelo seu partido. Em entrevista à TVI, o líder social-democrata disse que “na devida altura” retirará as suas ilações, mas deixou mais uma vez a porta aberta para a negociação das medidas que o seu partido apresentou ao Governo. “O PSD não faz uma espécie de tudo ou nada”, afirmou.

Questionado sobre o facto das exigências do PSD já admitirem um aumento de impostos, o que o que o líder social-democrata disse que nunca aceitaria, Pedro Passos Coelho justificou-se alegando que “em Agosto [quando anunciou pela primeira vez essa exigência] ninguém tinha a noção da enorme derrapagem das contas públicas”.

O que exigimos visa impedir a sobrecarga fiscal que o Governo quer imprimir”, acrescentou, salientando mais uma vez que o caminho deve ser “pelo corte na despesa”.

A jornalista Constança Cunha e Sá perguntou ao líder do PSD se, ao admitir agora aumento dos impostos, vai voltar a pedir desculpa aos portugueses. A resposta saiu rápida: “O país inteiro sabe quem devia estar a pedir desculpa a Portugal. E eu não estou nesse filme.

Passos Coelho afirmou mais uma vez que se não houvesse a necessidade de, nas actuais circunstâncias económicas, “haver necessidade de ter um Orçamento aprovado”, o PSD “não cederia à chantagem” do executivo e não avançava com propostas que permitam a sua viabilização. Por isso, defendeu uma “base mínima de entendimento” para que “no próximo ano não se mate o doente com a cura”.

Com o que Passos Coelho não concorda é com a opinião de que o PSD devia abster-se na votação com um forte protesto contra o OE, como defende, entre outros, Manuela Ferreira Leite. O líder do PSD diz que não podia viabilizar um OE “mau sem nada fazer para o tentar melhorar”. “Eu não podia dizer ao país que lavo daqui as minhas mãos” sem tentar fazer alguma coisa para evitar “o mal pior”. “Daqui a meio ano dizia aos portugueses: eu sabia que isto era mau, mas não fiz nada. Não pode ser”, acrescentou.

Questionado como vai o PSD conversar com um Governo a que faz muitas críticas e a quem chama arrogante e chantagista, Passos Coelho disse ser necessária “muita paciência”.

PÚBLICO

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