quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

OPINIÃO > Manuel António Pina: «Tão amigos que nós éramos»

Alguns dos melhores amigos da política externa sem princípios, só com “fins”, vigente nas Necessidades, de Ben Ali e Mubarak a Kadhafi, têm estado em apuros. Mas que não contem com Luís Amado, designadamente o “amigo” Kadhafi.

Como aconteceu com a amizade da Internacional Socialista a Ali e a Mubarak, que só “descobriu” que eram ambos ditadores corruptos, expulsando-os por indecente e má figura, quando foram apeados, Luís Amado e o Governo português continuam à espera de perceber no que dá a sangrenta repressão em curso na Líbia para tomar partido.

Será bonito (mas não surpreendente) ver, acaso a revolução popular líbia ponha, como na Tunísia e Egipto, termo à ditadura de Kadhafi, Luís Amado descobrir que o “amigo” de Portugal e da J.P. Sá Couto era afinal um ditador sanguinário.

Para já, a Força Aérea líbia — a que ainda não desertou — e a artilharia da Guarda Revolucionária continuam a bombardear os bairros populares de Benghazi e Tripoli. Fazem-no tão silenciosamente, e as centenas de mortos nas ruas morrem tão discretamente, que o embaixador português Rui Lopes Aleixo ainda não deu conta de nada.

O embaixador Aleixo é um homem prudente. Ainda há pouco, um outro embaixador deu conta de que o homem de mão de Mubarak apoiado por Luís Amado para o cargo de director-geral da UNESCO era um anti-semita e um censor e foi mandado regressar a Lisboa por ter dificuldade em manter os olhos fechados.

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