Depois dos problemas com o cartão de cidadão e com o número de eleitor, sabemos agora que entre os resultados provisórios apurados a 23 de Janeiro e os que foram homologados pelo Tribunal Constitucional (TC) há discrepâncias difíceis de entender.
Em Setúbal, por exemplo, entre o dia das eleições e o escrutínio definitivo desapareceram das actas eleitorais 110 mil eleitores inscritos. Já em Viseu, o fenómeno foi o inverso, ou seja, foram acrescentados 55 mil cidadãos com capacidade para votar. Estes “apagões” nuns lados e compensações noutros, multiplicam-se um pouco por todos os distritos. Mas além destas disparidades, outras há que não podem deixar de exigir esclarecimentos. Após o apuramento final do TC, isto é, já depois de contados os votos, desapareceram, como que por magia, 60 mil votantes. Como de costume, os responsáveis técnicos e políticos encolhem os ombros e respondem o habitual: “Não há qualquer responsabilidade do Ministério da Administração Interna.”
Como é evidente, e porque estamos a falar de uma eleição presidencial, estas discrepâncias não têm qualquer influência nos totais nacionais desta eleição. Porém, afectam e podiam até alterar os números distrito a distrito. Se estivéssemos a falar de uma eleição legislativa, haveria seguramente partidos prejudicados que a esta hora estariam a exigir, legitimamente, a impugnação das eleições.
O que estes factos mostram é simples: numa democracia fala-se através do voto. Os eleitores merecem por isso mais respeito de quem tem como missão organizar actos eleitorais. E, neste como nos outros casos, o que salta à vista é o amadorismo de quem tem a tarefa de garantir a normalidade em todas as eleições.
Nenhum comentário:
Postar um comentário