A decisão de construir a linha de TGV Poceirão-Caia só não faz parte do anedotário nacional porque a questão é demasiado grave para que possa fazer rir alguém minimamente consciente e preocupado com o futuro do país.
O que está em causa é transformar em facto consumado, a qualquer preço, aquilo que é rejeitado pela gravíssima situação de endividamento do país, pelo interesse nacional e, muito especialmente, pelo respeito que devemos às próximas gerações.
Neste contexto, o Tribunal de Contas levantou sérias reservas quando lhe foi solicitado o visto prévio ao contrato de concessão entre o Estado e as empresas em causa. Em resultado da revisão efetuada, só poderia esperar-se uma melhoria para os contribuintes das suas condições.
Afinal, sabe-se agora que dessa revisão resulta um agravamento dos encargos para o Estado no valor de 195 milhões de euros.
É preciso reler várias vezes a notícia para acreditar nela.
Na verdade, este troço é um absurdo, cuja utilidade dependerá de uma ponte que não surgirá porque não há crédito e de um comboio sem recursos para se manter a circular.
Se esta iniciativa não for politicamente travada, ficará como um troféu à obsessão do primeiro-ministro.
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Expresso 5 de Fevereiro de 2011 | N.º 1997
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